O antigo vereador do Desporto da Câmara de Cascais, João Sande e Castro, disse esta terça-feira em declarações à SIC Notícias que a bancada norte que abateu durante o jogo Estoril-Porto foi construída num terreno classificado como reserva agrícola e numa “zona instável”. E acrescentou mais: a Câmara Municipal de Cascais e o clube sabiam disso.
A instabilidade deste terreno é um facto conhecido há muitos anos da Câmara [Municipal de Cascais] e do clube [Estoril-Praia]”, disse o antigo vereador do Desporto, João Sande e Castro.
“Nunca devia ter sido legalizada ali qualquer tipo de construção”, defendeu ainda o antigo vereador, justificando que a bancada foi construída num terreno classificado como reserva agrícola. “Passa ali uma ribeira porque estamos em zona de leito de cheias“, esclareceu também.
João Sande e Castro revelou ainda que durante doze anos foram necessárias “três intervenções nos campos sintéticos que estão a norte e que ciclicamente vão sofrendo alguns abatimentos que era necessário corrigir”.
A bancada norte do Estádio António Coimbra da Mota, na Amoreira, abateu durante o jogo Estoril-Porto, quando a equipa canarinha vencia por 1-0. Os adeptos tiveram que ser retirados para o relvado e o jogo acabou por ser suspenso por não estarem reunidas condições de segurança. Os segundos 45 minutos vão jogar-se a 21 de fevereiro.
Muitas ameaças na Amoreira (no relvado e na bancada) mas, até ver, só o Estoril é que consumou
A Câmara Municipal de Cascais emitiu entretanto um comunicado onde rejeita responsabilidades na queda da bancada. O Executivo camarário explica que a obra não carecia de licenciamento, que o projeto “foi analisado por uma vasta equipa de técnicos qualificados” e que foram feitas vistorias por várias entidades, entre elas a Liga.
Embora reconheça saber que o equipamento foi construído numa Reserva Agrícola Nacional (RAN), a Câmara alerta que este tipo de terreno “não exclui a construção de equipamentos, quadro legal em que se integra um Estádio Municipal”.
Pode o sismo ter provocado a abatimento?
“Só por si não”. Quem o diz é o engenheiro civil especialista em estruturas, Tiago Abecassis, em declarações à SIC Notícias. O engenheiro esclareceu ainda que “algo antes teria de ter acontecido ou estar mal executado” para que o sismo pudesse estar na origem do abatimento da bancada.
Um terramoto de magnitude 4,9 foi registado esta segunda-feira a oito quilómetros de Arraiolos e a 16 quilómetros de profundidade às 11h51 — o maior terramoto registado em terra em Portugal desde 1998. O sismo foi sentido num raio de 280 quilómetros e afetou todo o centro e sul do país.
Sismo de magnitude 4,9 é o maior dos últimos 20 anos. Foi sentido num raio de 280 quilómetros