A onda acusações de assédio sexual também já chegou às Nações Unidas. Em declarações feitas ao The Guardian, sob anonimato, pelo menos 15 funcionários da organização chefiada por António Guterres queixaram-se terem sido vítimas de assédio ou de agressões de cariz sexual. Algumas, contaram que lhe foi oferecida uma progressão na carreira em troca de favores sexuais.

As acusações partiram de funcionários da ONU em 10 países. Entre as mulheres que se queixaram de terem sido vítimas daqueles atos, três dizem que despedidas ou que têm sido ameaçadas com despedimento, ao passo que os seus alegados agressores sexuais continuam a exercer funções. Um deles, escreve o The Guardian, é um “dirigente destacado” da ONU.

As queixas foram feitas de forma anónima, opção que as denunciantes justificaram com o risco de perder o emprego. “Se fizeres uma denúncia, a tua carreira chega ao fim”, disse uma das queixosas.

António Guterres é secretário-geral da ONU desde janeiro de 2017. Em reação aos casos de assédio e violência sexual, disse que a prioridade “é apoiar uma política de tolerância zero”

“Não há maneira de termos justiça e eu também perdi o meu emprego”, garantiu outra, que conta ter sido violada. Posteriormente, fez uma denúncia que levou a um inquérito interno da ONU, que foi tido como inconclusivo. Depois de ficar sem trabalho, ficou também sem visto no país onde esteve destacada e foi hospitalizada.

Um provedor de uma das agências onde houve denúncias de abusos sexuais terá dito que não podia agir contra aqueles atos por estar a ser ameaçado por dirigentes da ONU. Outro provedor, de outra agência, terá desaconselhado uma das vítimas a apresentar queixa.

Ao The Guardian, a ONU reconheceu que a pouca atenção merecida a estes casos é “uma preocupação” mas também disse que, sob a liderança de António Guterres, é “prioritário tratar do assédio sexual e apoiar uma política de tolerância zero”.

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