A Procuradoria-Geral da República (PGR) acabou de emitir uma nota para a comunicação social em que confirma oficialmente que o principal arguido da Operação e-toupeira terá tido acesso alegadamente ilícito a passwords de um conjunto alargado de magistrados do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e esclarece que a procuradora Ana Paula Vitorino (uma das magistradas a quem foram roubadas as credenciais informáticas), “não é, nem nunca foi, suspeita ou visada na investigação” em curso por parte da Polícia Judiciária.

Casos vouchers, emails, Lex e e-toupeira: o que pode acontecer ao Benfica e aos seus dirigentes

Recorde-se que esta quarta-feira a revista Sábado noticiou que o funcionário judicial José Silva, o principal arguido do caso e o alegado protagonista da rede de informadores dentro do aparelho judicial de Paulo Gonçalves (diretor jurídico do Benfica) teria tido acesso ao processo dos emails e a outros inquéritos do DIAP de Lisboa através do roubo de passwords de um conjunto alargado de magistrados daquele departamento do Ministério Público. Um deles seria a procuradora Ana Paula Vitorino, que foi destacada para assessora de Maria José Morgado, procuradora distrital de Lisboa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Uma das suspeitas que se encontra em investigação é a utilização de credenciais alheias para aceder ao sistema Citius e, desta forma, recolher informação relacionada com processos. Neste âmbito, apurou-se que foram, designadamente, usadas credenciais informáticas de uma magistrada do Ministério Público [Ana Paula Vitorino] que, neste momento, se encontra colocada na coadjuvação da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa”, lê-se no comunicado da PGR. O órgão liderado por Joana Marques Vidal, contudo, enfatiza que “tal utilização efetuou-se sem o conhecimento ou consentimento da titular das credenciais [Ana Paula Vitorino], a qual, sendo completamente alheia ao sucedido, não é, nem nunca foi, suspeita ou visada na investigação em curso”.

E-toupeira. Paulo Gonçalves pode exercer funções e ir à Luz, José Silva em prisão preventiva

A PGR volta a frisar que os crimes em investigação são os de “corrupção, peculato, violação do segredo de justiça, favorecimento pessoal, falsidade informática, acesso ilegítimo e burla informática”. Acrescentando ainda que, após o primeiro interrogatório judicial liderado pela juíza de instrução Cláudia Pina, foi aplicada “a um dos arguidos a medida de coação de prisão preventiva [José Silva], enquanto que “outro ficou sujeito a proibição de contactos com os restantes arguidos. No total, o inquérito tem cinco arguidos constituídos”, lê-se no comunicado.