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Fátima Moreira de Melo. A rainha (meio portuguesa) entre os valetes do póquer

Filha de um diplomata português, campeã olímpica de hóquei em campo, jogadora assídua nos melhores torneios de póquer no mundo. Fátima Moreia de Melo, em entrevista ao Observador.

“Podemos fazer a entrevista em português?”.”Claro. Costumo falar com o meu pai, mas é bom praticar mais vezes. É bom falar português”, responde Fátima Moreia de Melo, com uma pronúncia praticamente irrepreensível. Natural da Holanda, a ex-jogadora de hóquei em campo é filha de um antigo diplomata português. Habituada à alta competição, virou-se para o póquer depois de terminar a carreira com a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim. E nunca mais parou: hoje, é uma das jogadoras mais respeitadas do mundo.

“Quando comecei pensava que jogava muito bem, mas não sabia nada, na verdade”, ri-se, enquanto vai recorrendo, aqui e a ali, a expressões em inglês. Estava habituada a jogar com amigos, quando foi convidada pela PokerStars para ser uma das representantes da Holanda no jogo. Do hóquei em campo levou a impulsividade e a agressividade, nem sempre as melhores conselheiras num jogo que exige paciência e sentido de estratégia.

“No início, o meu jogo era muito agressivo. Era atacante no hóquei, era sempre boom boom“, explica Fátima Moreia de Melo, enquanto gesticula como se movesse um stick imaginário. “No fundo, tinha duas coisas que um bom jogador de póquer não deve ter: falta de paciência e a falta de capacidade de saber quando parar. E quando não sabes muito do jogo, quando não dominas os aspetos fundamentais do jogo, vais ficar em situações muito difíceis”. Hoje, oito anos depois de ter começado, é já um dos nomes mais reconhecidos do circuito de póquer mundial e os resultados têm aparecido: já arrecadou mais de 400 mil euros em torneios ao vivo.

"Para mim as mulheres são todas iguais. É muito mais difícil perceber o que pensam e o que vão fazer a seguir"
Fátima Moreira de Melo

Quando conversou com o Observador, Fátima Moreira de Melo tinha acabado de ser eliminada do principal evento do PokerStars Championship Bahamas. Mas não atiraria a toalha ao chão. No penúltimo dia da competição, acabou por vencer o torneio feminino, um evento secundário que consagra a melhor jogadora da competição. Mais um prémio para a Fátima Moreira de Melo, que, além de uma medalha de ouro olímpica, tem no currículo um no-mínimo-curioso-prémio de vencedora da edição holandesa do programa Survivor. Ele há coisas. Quanto ao póquer, este é um troféu com sabor especial para luso-descendente: não há nada mais difícil no póquer do que enfrentar mulheres, explica.

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“Para mim é muito mais difícil jogar contra mulheres. São muito mais difíceis de ler. Para mim, que sempre joguei com homens, é muito mais fácil ler um homem e descobrir que tipo de homem é. Sei perceber se é um amador, se tem um grande ego… Muitos jogadores têm egos enormes e são muito agressivos a jogar pelo facto de ser mulher. Nesses casos, o jogo pode tornar-se muito lucrativo para mim”, brinca Fátima Moreia de Melo.

Já as mulheres são outra história, continua. “Para mim as mulheres são todas iguais. É muito mais difícil perceber o que pensam e o que vão fazer a seguir”, analisa. Não foi o caso, desta vez: Fátima Moreira de Melo venceu o torneio feminino e levou para casa cerca de 5 mil euros.

"Muitos jogadores têm egos enormes e são muito agressivos a jogar pelo facto de ser mulher. Nesses casos, o jogo pode tornar-se muito lucrativo para mim"
Fátima Moreia de Melo

Durante a conversa com o Observador, o tema do número crescente de mulheres a procurarem os torneios ao vivo e as salas virtuais de póquer surgiu com naturalidade. Fátima Moreira de Melo reconhece que o fenómeno está a ganhar raízes no universo feminino, mas lamenta o ainda reduzido número de jogadoras.

“Tenho pena que 95% dos jogadores sejam homens. Acho que tem muito que ver com diferença das condições económicas entre homens e mulheres. Talvez isso mude lá para… [pausa] Talvez lá para 3010 as condições económicas entre homens e mulheres sejam as mesmas”, ironiza Fátima Moreira de Melo, soltando uma gargalhada divertida. E é possível esperar uma mulher como número 1 do póquer mundial? “Estatisticamente é muito difícil”, responde, com um encolher de ombros.

Assumidamente “muito competitiva”, Fátima Moreira de Melo explica que, num universo como o póquer, “que muda como muda um idioma” e “que ainda está a mudar muito”, ninguém pode pensar “que sabe tudo”. E é isso que mais a cativa no jogo. Quando deixou o hóquei em campo, fê-lo com a sensação de que não havia mais nada para conquistar no desporto. Tinha chegado ao topo. No também muito exigente mundo do póquer, o topo exige sacrifício e dedicação permanente.

Fátima Moreira de Melo, que além de jogador de póquer é embaixadora da Right To Play, uma organização que tenta levar educação básica a crianças de alguns dos países mais pobres do mundo, sabe que o tempo dela ainda não chegou. Não é algo que a assombre. “Para mim, no póquer, o mais importante não é ganhar títulos. Claro que é muito bom, mas não é tudo. O mais importante. O mais importante, para mim, é retirar prazer do jogo”, assume a luso-descendente.

Estratégias para ser um bom jogador de póquer há muitas e depende do estilo de cada um, continua. Regras fundamentais no jogo, como um bom controlo da banca pessoal e treino intensivo, também as há. Mas, acima disto, existe uma regra que parece universal — e que a jogadora repete o mantra: “Tens de estar sempre a aprender”.

* O Observador viajou a convite da PokerStars

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