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Morrer no mar ou no deserto? Tareke Brhane, que com 17 anos saiu sozinho da Eritreia para chegar à Europa, pediu a Deus para morrer no mar. Pelo menos no mar a agonia acabava em uma ou duas horas. No deserto, Tareke não sabia quanto tempo poderia resistir ao calor abrasador das areias do Sudão e não queria ser mais um esqueleto nas dunas. A sua viagem durou cinco anos, passou por quatro países, incluiu duas travessias do Mediterrâneo e passagem por três prisões. Mas Tareke não morreu nem no deserto, nem no mar, e hoje ajuda outros imigrantes que tal como ele chegam diariamente à costa italiana. O Observador falou com este sobrevivente e conta-lhe a sua história.
Na mesma semana em que a Comissão Europeia vai apresentar a estratégia da União para as migrações, Tareke veio a Portugal falar perante os presidentes de mais de 40 parlamentos sobre a situação dos imigrantes, que tal como ele, fazem a travessia do Mediterrâneo para chegar à Europa. Cidadão europeu desde o início de maio, o adolescente que saiu da Eritreia tem hoje 32 anos e é um dos maiores ativistas em Itália pelos direitos dos imigrantes. Para além de colaborar como tradutor com os Médicos Sem Fronteiras ou a organização Save the Children na Sícilia e em Lampedusa, Tareke fundou com outros ativistas o Comité 3 de outubro, que já conseguiu instituir esse dia como a jornada da memória e das boas-vindas dos imigrantes em Itália – em honra do naufrágio de 3 de outubro de 2013 que matou 366 pessoas. Este feito valeu-lhe mesmo a medalha de ativismo cívico por parte dos laureados do Prémio Nobel.
Orgogliosi di @TarekeBrhane Medaglia per l'Attivismo Sociale dei Premi Nobel per la Pace. Dedicata ai morti in mare. pic.twitter.com/Fj1cXU4niM
— Comitato 3 ottobre (@C3ottobre) December 13, 2014
Na Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo que decorreu na Assembleia da República esta segunda e terça-feira, Tareke exprimiu a vontade de estender a iniciativa a nível europeu, tendo já sido lançando uma petição que conta com mais de 360 mil assinaturas. A cópia da petição foi entregue à presidente da Assembleia, Assunção Esteves, dizendo que está na altura da Europa “proteger as pessoas e não as suas fronteiras”. Um dia antes, este fórum que serve para os países do Mediterrâneo estabelecerem um diálogo permanente entre os seus deputados, tinha decidido que apresentar junto do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu uma resolução que evidencia a necessidade de haver mais vistos humanitários para pessoas que necessitam de proteção internacional, mais quotas para reinstalação em todos os países da UE e mais apoio para os países de origem e de trânsito, para enfrentarem as causas profundas da migração.
“Tu não escolheste nascer em Portugal, eu também não escolhi nascer na Eritreia. Mas agora eu sou livre. Não podemos continuar a ver homens, mulheres e crianças a morrer e pedir desculpa, essa não é a resposta. Eu sinto como tu. A minha cor é diferente, mas eu também penso, eu também tenho ideias, eu faço tudo igual a ti na minha casa. Ao mesmo tempo que alguém aqui está a ligar o ar condicionado, há alguém a decidir se vai ou não arriscar a vida a atravessar o Mediterrâneo” diz Tareke Brhane. Estima-se que este seja o período histórico com mais refugiados um pouco por todo o mundo desde a Segunda Guerra Mundial e só em 2014, houve 650 mil pedidos de asilo aos países da União Europeia.
A Eritreia, país de origem de Tareke é o segundo país de onde chegaram mais imigrantes às costas europeias em 2014 e possivelmente, uma das nacionalidades com mais vítimas entre as mortes que transformam o Mediterrâneo no cemitério da Europa. Há atualmente quatro rotas ativas de imigração no Mediterrâneo. Uma que chega através da Europa de Leste e tem como principal ponto de entrada a Grécia, outra que tenta a entrada na Calabria, outro ponto de entrada é a África Ocidental onde os migrantes tentam entrar em Espanha e a principal porta de entrada é no Meditrrâneo Central, onde os principais alvos dos barcos são as ilhas de Malta, Sicília e Lampedusa. Em 2015 já foram resgatados mais de 36 mil imigrantes nesta rota e morreram mais de três mil. O último Conselho Europeu decidiu triplicar os meios empregues nesta região para patrulhar e resgatar as centenas de pessoas que tentam a viagem todos os dias, mas quem está no terreno reconhece que travar esta onda é quase impossível.
Ao Observador, Tareke diz que agora é ele a dar aos imigrantes as respostas que nunca lhe deram e quer que a sua história seja conhecida. “Antes de me julgarem, dêem-me a oportunidade de dizer quem sou e de saberem porque é que arrisquei a minha vida”.
Um jipe com 35 pessoas é o caminho da liberdade
Se tivesse continuado a viver na Eritreia, Tareke diz que teria 1% de hipóteses de ainda estar vivo. “Ficar ou tentar é quase igual, mas pelo menos eu queria poder dizer que tentei”. Quando fala do seu país, o ativista fala de uma prisão. Sem liberdade de movimento, sem liberdade de expressão e com serviço militar obrigatório, foi a mãe de Tareke que o convenceu aos 17 anos a empreender a jornada. Na Eritreia não há eleições desde a independência que ocorreu em 1993 e o regime do presidente Isaias Afewerki é conhecido pelos abusos de direitos humanos e trabalho forçado, assim como a opressão de todos os meios de comunicação social do país.
O padre Moses defende que “atirar” dinheiro aos ditadores não ajuda em nada os problemas das populações.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) estima que atualmente existam mais de 200 mil refugiados da Eritreia no Sudão e na Etiópia e a maior parte vive em campos de refugiados. O padre católico Abba Mussie Zerai (conhecido entre os imigrantes como padre Moses), também de origem eritreia e presidente da Agência Habeshia, que advoga pela situação dos migrantes junto das instituições europeias e dos governos nacionais em Itália, disse ao Observador que os imigrantes que chegam à Europa “não são imigrantes económicos”, mas sim “pessoas fogem da guerra e de ditaduras”. O padre Moses defende que “atirar” dinheiro aos ditadores não ajuda em nada os problemas das populações, mas sim “canais fortes de diplomacia que os obriguem a mudar”. Entre 2009 e 2013, a Eritreia recebeu mais de 122 milhões de euros em ajudas ao desenvolvimento por parte da União Europeia, mas o padre questiona o fim desse dinheiro. “Isso vai dar poder ao ditador. A crise é política e o que temos de pedir é mais democracia, mais justiça e mais direitos para estas pessoas. Como é que vamos verificar se esse dinheiro é usado para ajudar as pessoas?”, questionou o padre em Lisboa, falando também na Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo.
Um dos maiores perigos quando se opta pela fuga na Eritreia é ser apanhado ainda dentro do país. Tareke recordou que nos primeiros três dias da fuga entre a sua aldeia e a fronteira com o Sudão ainda foram acompanhados pela mãe, na esperança que os dois pudessem passar, mas aí começaram as decisões difíceis. “Para passar por esta viagem é preciso ter energia e a minha mãe disse-me: ‘Tu és novo e podes ter uma oportunidade’. Sorriu para mim e não me deixou ver o sofrimento dela. Ela sabia que não me ia ver mais”. E assim foi. Nunca mais se viram, nem falaram. A mãe de Tareke morreu em 2010 sem nunca saber que a viagem que o filho tinha feito 10 anos antes tinha acabado por ser bem sucedida. Tareke soube por outras pessoas que a mãe morreu e não sabe nada do irmão que está no exército.
O primeiro obstáculo para quem quer passar da Eritreia para o Sudão é a fronteira. As fiscalizações entre os dois países estão constantemente a mudar e os fluxos migratórios de um lado para o o outro, consoante os conflitos na região tornam esta travessia arriscada. Mas a primeira fase foi bem sucedida para Tareke. Em Cartum, capital do Sudão, procurou os traficantes de seres humanos que passam os imigrantes de país em país. A viagem até à fronteira com a Líbia custaria 200 dólares, o equivalente a dois meses de salário na Eritreia, mas Tareke tinha um amigo de infância que tinha conseguido sair da Eritreia para a Austrália que lhe foi financiando todo o percurso – “Devo-lhe a minha vida”.
Os traficantes disseram-lhe para esperar numa casa e um dia chegou um minibus que deixou Tareke no deserto com mais algumas pessoas. Ao longo de vários dias, os traficantes juntaram 75 pessoas no deserto e trouxeram jipes que fariam a travessia até Bengazi. No jipe de cinco lugares onde Tareke foi transportado estavam cerca de 35 pessoas que durante dias a fio beberam água com gasolina e água com farinha para enganar o estômago. Quem caísse do jipe ficava para trás. No deserto não se pára e não há estradas, por isso os percursos por entre as dunas que parecem montanhas são guiados por GPS. Se o jipe avariar, acabou a viagem. Se o condutor se perder, acabou a viagem. Não há resgate possível.
“Eu pedi a Deus para me deixar morrer no mar e não no deserto, porque no mar sofremos uma ou duas horas, no deserto não sabemos quanto tempo conseguimos sobreviver”, relata Tareke que diz que nessa altura nem a fome, nem a sede lhe interessavam, o objetivo era o seu destino.
“99% de todas as mulheres que passam pela Líbia são violadas”
Os jipes foram intercetados por novos intermediários armados junto à fronteira com a Líbia e a viagem até Bengazi ficou por ali. Retiraram tudo a Tareke e aos seus companheiros de viagem e entregaram-lhes um telemóvel com um único intuito: ligar a familiares e amigos a pedir mais dinheiro para continuar a travessia. Quem não consegue, segundo Tareke fica a trabalhar durante meses ou anos a fio para os traficantes, outros são mortos logo ali. Para as mulheres, na Líbia começa o maior tormento. “99% de todas as mulheres que passam pela Líbia são violadas e se eles sabem que é a tua mãe, a tua irmã ou a tua mulher, são violadas à tua frente para nunca mais olhares para elas da mesma maneira”.
O primeiro encontro entre Tareke e o Mediterrâneo
A viagem prosseguiu, com Tareke a ser sucessivamente vendido de traficante em traficante – cada pessoa pode ser vendida por cerca de 20 dólares ao próximo intermediário – até chegar a Tripoli, de onde saem grande parte dos barcos que chegam a Malta ou à costa italiana, na Sicília ou Lampedusa. Os imigrantes nunca vêm os barcos até a viagem. São mantidos em apartamentos com dezenas de pessoas até chegar a altura de embarcar. Na noite em que Tareke foi até à praia, percebeu logo que a viagem não terminaria como tinha esperado. O barco era velho e não passava de um bote, mas levava mais de 265 pessoas, entre elas cerca de 90 crianças. A viagem durou 10 horas, depois o motor parou e ficaram todos à espera no meio do mar.
“Sabíamos que íamos morrer, estávamos à espera de morrer. Durante quatro dias vimos alguns navios à nossa volta, mas não sei se eles nos viram, Um deles ajudou-nos, deram-nos água e uma corda. Começámos a chorar de alegria. Depois à noite, olhámos para as estrelas e percebemos que estávamos a voltar para a Líbia”. Houve gritos e apupos, mas tal como acontece em muitos casos, os barcos de refugiados são dirigidos pelos navios mercantes quer para uma, quer para outra ponta do Mediterrâneo. Os navios mercantes são responsáveis por uma grande percentagem de salvamentos, já que os traficantes planeiam muitas vezes que os barcos sigam as mesmas rotas comerciais, de modo a serem denunciados pelas tripulações às autoridades. A maioria dos resgates é feita pelas autoridades nacionais e desde 2014, um terço é levado a cabo pela Frontex.
Uma das maiores críticas à atual ação europeia em relação aos imigrantes são as operações de resgate em alto mar, que têm levado a questionar o papel da Frontex, agência europeia que coordena a segurança das fronteiras externas dos diferentes países da União. Em Lisboa esteve também o diretor executivo desta agência, Gil Arias-Fernandez, que veio lembrar que o papel da agência é ajudar os Estados-membros e que as guardas costeiras continuam a ter de fazer o seu trabalho e reiterar que “o controlo das fronteira não é a solução para o problema”. “O problema é complexo e precisa de soluções complexas que obrigam ações nos países de origem. Sabemos os problemas que há na Síria, no Iraque, na Eritreia ou no Mali e os problemas nos países de trânsito, como a Líbia, que fazem com que os traficantes atuem sem qualquer controlo”, afirma Arias-Fernandez ao Observador.
No terreno há duas missões a funcionar atualmente, a Poseidon que patrulha as ilhas gregas e a Triton que faz face aos imigrantes que vêm do Mediterrâneo central – no último Conselho Europeu, a Triton foi reforçada com o triplo dos meios de modo a estancar o número de pessoas que têm morrido afogadas nesta rota. Este aumento vai fazer com que a Triton se assemelhe à operação Mare Nostrum que a Itália manteve durante cerca de um ano ao largo da sua costa e salvou milhares de vidas. No entanto, os custos mensais de 9 milhões de euros, levaram os italianos a pedir ajuda aos parceiros europeus que criaram a Triton, uma missão que segundo considerou o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, mostrou “não ser suficiente”. A Triton é atualmente integrada por forças portuguesas como SEF e alguns barcos da Marinha.
Gil Arias-Fernandez nega que as forças coordenadas pela Frontex não estejam a fazer salvamento e resgate dos imigrantes no mar, dizendo que desde o início do ano, dos 36 mil imigrantes que chegaram à Europa através do Mediterrâneo, 10 mil foram salvos pela Frontex. O diretor executivo da agência alega ainda que a principal missão da Frontex não é impedir a entrada de imigrantes na UE, mas sim “identificar toda a gente” que chega às fronteiras marítimas dos 28 de modo a garantir que não existem terroristas e criminosos entre quem procura refúgio na Europa.
Mesmo com o reforço dos meios, Arias-Fernandez prefere ser cauteloso. “O Mediterrâneo é gigante, o que significa que ter o mar todo vigiado é muito difícil ou quase impossível e mesmo com maior orçamento, temos de estar preparados para assistir a tragédias no futuro”, diz o espanhol, explicando que atualmente os traficantes “estão a tornar-se cada vez mais violentos e andam armados nos barcos” e ainda que as últimas embarcações encontradas “têm pouca água e comida”, o que significa que em caso de o barco se desviar da rota, há pouca possibilidade de sobrevivência de quem está a bordo.
A segunda tentativa e recomeçar do zero
Quando Tareke regressou à Líbia, já havia camiões à sua espera de modo a transportá-lo a ele e aos seus companheiros de viagem para várias prisões um pouco por todos o país. Tareke passou pela prisão de Tripoli, Misrata – também na costa da Líbia – e Kufra, já junto à fronteira com o Sudão. Conta que em cada cela havia mais de 70 prisioneiros e que para dormir, deitavam-se uns em cima dos outros por causa da falta de espaço. Apanhava 10 minutos de ar fresco por dia e para comer era só uma mão cheia de arroz ensopado – “Quando ia pela segunda vez ao prato que servia para todos, já não havia nada”. Chegou mesmo a adoecer e foram os restantes prisioneiros que pediram para não o retirarem da cela porque a alternativa era deixaram-no morrer no calor do deserto.
Foi em Kufra que recomeçou a jornada para chegar à Europa. Os guardas prisionais vendem novamente os prisioneiros – aqueles com mais hipóteses de angariarem dinheiro – aos traficantes.
E o trajeto começou novamente para Tareke. Primeiro Bengazi e depois Tripoli. Desta vez, quando foi levado para a praia, Tareke teve mais esperança. O barco era mais estável e parecia mais resistente, mas desta vez o problema era o condutor. Muitos imigrantes que não conseguem o dinheiro para o passo final da travessia são recrutados como condutores dos barcos pelos traficantes, mesmo que não tenham qualquer experiência com barcos. Raramente são os próprios traficantes a conduzir e quando o fazem e são capturados, misturam-se com os imigrantes alegando estar também a fugir dos seus países de origem – muitos chegam a chantagear as pessoas que transportam para não serem denunciados perante as autoridades europeias.
Perante a indiferença, os imigrantes decidiram lançar o seu barco contra o navio. Este ato de desespero fez com que a tripulação alertasse as autoridades italianas.
Tareke diz que foi neste ponto de toda a sua viagem, que nesta altura já contava com quase cinco anos, que perdeu a esperança. Desceu até ao motor do barco para aí esperar uma morte certa, mas o barulho não o deixava finalmente descansar. “Eu disse então a Deus: Porque está a demorar tanto tempo? Acaba com isto. Voltei para cima e vimos um navio grande. Pedimos ajuda em várias línguas, a tripulação viu-nos, tirou fotografias e regressou para dentro”. Perante a indiferença, os imigrantes decidiram lançar o seu barco contra o navio. Este ato de desespero fez com que a tripulação alertasse as autoridades italianas e a guarda costeira veio resgatar a pequena embarcação.
Passados 20 dias de chegar à Sicília, Tareke viu o seu pedido de asilo aprovado em Itália e levaram-no à estação do comboio. “Disseram-me ‘vai, és livre’ e eu pensei para mim: ‘Demorei cinco anos para cá chegar e agora deixam-me num sítio estranho, não sei a língua e estava frio porque era novembro. Ok, eu tenho os direitos, mas o que hei-de fazer?”. Tareke critica as políticas de integração italiana e conta que dormiu nas ruas, em igrejas e foi aprendendo italiano aos poucos. Assim que pôde começou a ajudar outros imigrantes e foi trabalhando em hotéis a lavar pratos ou na agricultura. Foi como tradutor para a organização Médicos sem Fronteiras que encontrou a sua vocação: falar por aqueles que não o podiam fazer.
Papa Francesco ai superstiti: non ci sono parole per descrivere la vostra sofferenza. Sappiate che vi sono vicino pic.twitter.com/rE5SGEhyaK
— Comitato 3 ottobre (@C3ottobre) October 1, 2014
“Na minha viagem apercebi-me da importância da vida e de falar da minha experiência. Quando eu falo, não falo das minhas férias ou sobre os meus passatempos, falo sobre a minha viagem. Há pessoas que estão pior do que eu e continuam a morrer, é isso que me dá força”. A próxima iniciativa do Comité, depois de terem levado o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e Assunção Esteve que então presidia à Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo – o mandato passou agora para Marrocos – a Lampedusa, tem a ver com os jovens europeus. Querem levar 10 estudantes entre os 18 e os 20 anos dos 28 Estados-membros para conhecerem o que se passa nos centros de acolhimento e as histórias de morte e sobrevivência. O Comité luta ainda para que as vítimas sejam enterradas com nome e não com um número como acontece atualmente. Pedem para que os familiares das vítimas que vivam na Europa possam reconhecer os corpos dos seus entes queridos e tratá-los com dignidade.
Tareke é agora casado e pai de duas crianças. Diz que ainda são demasiado pequenos para perceberem o que lhe aconteceu mas que no futuro, quer contar-lhes a sua história e falar-lhes sobre as suas origens. Sobre um possível regresso à Eritreia para ver família e amigos, Tareke nem considera a hipótese. “É demasiado difícil para mim”.