O rescaldo do assassínio da líder do PP na cidade espanhola de Léon, Isabel Carrasco, está a suscitar polémica em Espanha, com a detenção de dois jovens por insultos nas redes sociais e comentários apologistas do crime.

A morte de Isabel Carrasco tem estado a suscitar uma polémica paralela depois de se terem multiplicado pelas redes sociais comentários a criticarem a vítima, alguns dos quais considerados menos próprios pelo Governo.

Duas vereadoras socialistas em Léon tiveram que se demitir depois do crime por comentários que fizeram, um dos quais declarando no Twitter: “quem semeia ventos colhe tempestades”.

Hoje, no local do crime, apareceram também frases insultuosas de Carrasco – “aqui morreu um bicho” e “aqui morreu uma cacique” – cuja autoria está a ser investigada pela polícia e que já foram, entretanto, apagadas por funcionários municipais.

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Carrasco era uma das líderes mais poderosas em Léon, onde presidia ao Conselho Provincial, tendo estado, no passado, envolvida em polémicas sobre o seu salário, alegados favorecimentos a familiares e os elevados números de cargos que ocupava.

O passado de Carrasco continua a suscitar interesse de tal forma que um vídeo de uma reportagem sobre ela, do canal La Sexta – que se referia ao elevado número de cargos que ocupava e a chegava quase a identificar como um ‘cacique’ local – era hoje um dos vídeos mais vistos no youtube em Espanha.

A natureza forte de alguns comentários levou o Governo a anunciar que ia estudar medidas para punir os responsáveis por insultos ou ameaças, algo confirmado hoje pela vice-presidente do Governo Soraya Saénz de Santamaría.

Já esta semana foram detidos dois jovens por frases insultuosas e comentários a defender o crime.

Hoje, a polícia confirmou ter identificado um jovem de 19 anos por ter posto na Internet vídeos com conteúdos vexatórios sobre Isabel Carrasco e outros em que justificava o assassínio de “políticos corruptos”.

O jovem tinha colocado um vídeo com uma “canção para Isabel Carrasco”, em que se alegrava com a sua morte e admirava a pontaria da alegada assassina, e que rapidamente se tornou viral, sendo replicado em várias páginas da Internet.

Foi constituído arguido por delitos contra a integridade moral por se tratarem de vexações graves, tipificado num artigo do Código Penal que penaliza a provocação à discriminação, ódio ou violência por motivos ideológicos, entre outros.

Tratou-se do segundo jovem constituído arguido por justificar o assassínio de Carrasco, depois da detenção na quinta-feira de um outro em Valência que foi presente a tribunal e libertado.

A vice-presidente do Governo confirmou que o executivo vai agora estudar “se é pertinente” reforçar o Código Penal para punir os insultos, ameaças e apologia dos assassínios, apesar de considerar que a lei espanhola “já dá resposta” a estes delitos.