O Benfica de Jorge Jesus foi campeão nacional com 58 golos marcados, sendo que apenas um deles foi de um português. Na ressaca da convocatória de Paulo Bento para o Campeonato do Mundo no Brasil, o Observador decidiu queimar os botões da calculadora e fazer as contas: como seria a classificação se apenas contabilizássemos golos de portugueses?

Em 2013/14, a Liga Portuguesa contou com 51,4% de jogadores portugueses. Esta é uma tendência que não é dos dias de hoje e até começa com o futebol de base. Em 2011, Rui Jorge, o então selecionador sub-21, já fazia o diagnóstico da situação dos jovens portugueses a atuar em Portugal. “Há um decréscimo na utilização de jovens jogadores portugueses. É uma constante desde 2004/05, havendo uma ou outra excepção, como 2008/09”, disse. E prosseguiu: “As conclusões não me surpreendem. Num dos levantamentos que fizemos, vimos, por exemplo, que dos 481 jogadores selecionáveis para a campanha dos sub-21 que vamos iniciar apenas seis foram utilizados na Primeira Liga mais de 90 minutos.”

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Esta é a versão que conhecemos, velhinha e sem segredos: apenas 208 golos de portugueses num total de 569.  O Benfica é o rei do golo com 58 mas só tem um golo português. Já o Paços de Ferreira tem apenas 28 golos marcados, mas Bebé marcou 12, o que poderá fazê-los disparar rumo ao topo da tabela. Desvirtuemos então a realidade.

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O Arouca seria o campeão nacional com 14 vitórias e 23 golos marcados em 30 partidas. O melhor marcador da equipa de Pedro Emanuel foi Roberto Rodrigo (seis golos em 26 presenças), um português de 25 anos que surgiu da formação do FC Porto, embora tenha sido no Bairro de Falcão, um clube da Associação do Porto, onde passou mais tempo. David Simão, um canhoto formado no Benfica, surge depois com quatro golos.

A posição do atual campeão nacional não é surpresa, mas não deixa de ser alarmante. Apenas um golo de um jogador português em 30 jornadas é muito pouco, sendo que só aconteceu numa fase em que o campeonato estava já decidido (Vitória de Setúbal na penúltima jornada). A fraca aposta no jogador português empurraria o Benfica para o play-off, que seria jogado com o Desportivo das Aves.

Sporting e FC Porto mantêm, curiosamente, a posição da classificação real. Os leões tiveram em Adrien Silva o seu matador lusitano (oito golos), enquanto os dragões contaram com o acerto de Varela (cinco) Quaresma (quatro) e Josué (quatro), por exemplo, que juntos representam 72% dos golos dos antigos campeões nacionais.

Apesar das limitações financeiras serem um convite a apostar na prata da casa, o trabalho de Rui Vitória no Vitória de Guimarães, fica aqui reflectido com um quarto lugar, apenas a dois pontos de distância do apuramento para a Liga dos Campeões.