A influência das imagens do passado, a exploração da relação entre o fotógrafo e o modelo, e a ficção científica atravessam as propostas dos três finalistas do Prémio BES Photo 2014, cuja exposição abre na quarta-feira, em Lisboa.

As obras inéditas criadas por Délio Jasse (Angola), José Pedro Cortes (Portugal) e Letícia Ramos (Brasil), foram hoje apresentadas aos jornalistas numa visita com a presença dos fotógrafos e o diretor do Museu Coleção Berardo, Pedro Lapa.

Os artistas competem pelo prémio dedicado à fotografia de valor monetário mais elevado em Portugal – 40 mil euros – e que cumpre este ano a décima edição, e terceira com estatuto internacional, abrangendo artistas de nacionalidade portuguesa, brasileira e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Depois de terem sido escolhidos por um júri de seleção pelos trabalhos expostos no ano passado, receberam uma bolsa para apresentarem trabalhos inéditos na exposição BES Photo no Museu Coleção Berardo.

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Délio Jasse, nascido em Luanda, 34 anos, apresenta “Ausência permanente”, na qual desenvolve uma reflexão acerca dos vestígios do passado – fotografias antigas sobre a época colonial em Angola – e da influência deles no presente.

Jasse apresenta a série como instalação no chão, cujos elementos centrais são a água e a luz, como nos recipientes onde se revelavam as fotografias, e que o artista liga “ao mar, via de comunicação entre continentes”, como explicou à agência Lusa na visita.

Através da sobreposição de rostos, carimbos e lugares da época colonial, vai buscar o passado para dar-lhe novos significados e novas narrativas.

José Pedro Cortes, 38 anos, nascido no Porto, apresenta “Um Eclipse Distante”, conjunto de imagens em que o autor renova a sua exploração da relação fotógrafo-modelo.

O corpo aparece como tema central desta exposição, com fotografias do corpo feminino, “à procura da imagem perfeita”, explicou, observando que tinha feito uma análise do próprio trabalho nesta série.

“Também procurei imagens de Lisboa, de resquícios do dia-a-dia. A série é uma relação entre dois mundos, onde tento harmonizar o retrato e a paisagem”, comentou.

Em “Nós sempre teremos marte”, Letícia Ramos, 38 anos, e a viver em São Paulo, procurou fazer uma homenagem à imaginação científica romântica, “aos inventores descobridores de mundos distantes”.

A artista explicou que foi buscar o título a um jornal que faz uma referência literal a frase “Nós sempre teremos Paris” do filme “Casablanca”, e à chegada da nave Curiosity a Marte, no ano passado.

Este conjunto de obras apresenta-se como uma narrativa de ficção-científica, um inventário de imagens que falam do cientista perdido no tempo e no espaço.

A exposição é composta de fotografias produzidas a partir de processo de microfilmagem, assim como de um curta-metragem realizada a partir de miniaturas, com mostra a trajetória de um microsubmarino à deriva nas profundezes de um lago pré-histórico submerso no gelo Antártico.

O vencedor será anunciado a 02 de julho, em Lisboa, e a exposição ficará patente até 07 de setembro no Museu Berardo.

Será depois apresentada no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a 23 de outubro, ficando ali até janeiro de 2015.

O Prémio BES Photo foi lançado em 2004 com o objetivo de premiar artistas portugueses, ou residentes em Portugal, que durante no ano transato tivessem apresentado projetos fotográficos.

Helena Almeida foi a vencedora da 1.ª edição, em 2004, José Luís Neto venceu em 2005, Daniel Blaufuks em 2006, Miguel Soares em 2007, Edgar Martins em 2008, Filipa César em 2009, Manuela Marques em 2011, Mauro Pinto em 2012, e Pedro Motta em 2013.