Clarence Seedorf, dez anos e 432 jogos. Filippo Inzaghi, 11 épocas e 305 partidas. A naturalidade varia. Um é holandês, o outro nasceu em Itália, mas no bilhete de identidade podiam estar ambos casados com o AC Milan. O clube sabe-o. Os adeptos também. E numa altura de aperto – o clube ficou em 8.º na Série A e não vai andar a fazer viagens pela Europa na próxima época -, os rossoneri optaram por trocar uma lenda por outra. E por isso aí está Inzaghi, o novo treinador do Milan.

O clube confirmou-o esta segunda-feira como técnico principal da equipa até junho de 2016 e assim testará pela segunda vez uma teoria – a que diz que uma velha glória no relvado pode voltar a sê-lo também no banco de suplentes. A primeira experiência, com Seedorf, respondeu que não.

Em janeiro, o Milan estava à rasca. Em 21 jornadas do campeonato italiano, a equipa tinha um trio de setes – 7 derrotas, 7 empates e 7 vitórias – que a punham no 11.º lugar. Não podia ser e o clube disse finito a Maximilliano Allegri, treinador italiano que estava há quatro épocas no clube (2010-2014) e conquistara já um scudetto, em 2010/11.

Para o substituir, Silvio Berlusconi, patrão do Milan, convenceu Clarence Seedorf a tirar as chuteiras dos pés e a passar a entrar num estádio de fato e gravata. O holandês, que na altura ainda jogava pelo Botafogo, clube do Rio de Janeiro, aceitou o desafio. Seis meses, 22 jogos, 11 vitórias, dois empates e sete derrotas depois, a aventura de Seedorf acaba para a de Pippo Inzaghi começar.

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Ou recomeçar. O ex-avançado, hoje com 40 anos e que marcou 130 golos com a camisola rossonera, deixou de jogar em maio de 2012. Na época seguinte já estava a dar ordens à equipa sub-16 do Milan e, no mesmo ano, passaria até a treinar os sub-19. Durante 2013/14 esteve no banco dos sub-20 e da equipa que até participou na UEFA Youth Cup (a versão júnior da Liga dos Campeões). Agora, sentar-se-á no banco de suplentes de San Siro até 2016.

Inzaghi vai auferir cerca de 700 mil euros por época, escreve a Gazzetta dello Sport, uma quantia bastante inferior aos 2,5 milhões de euros acordados no contrato que, em janeiro, o Milan assinou com Clarence Seedorf. E assim o ex-avançado continua a seguir algumas pisadas dadas pelo antigo médio que, como jogador, esteve no AC Milan entre 2002 e 2012.

Em maio desse ano, Seedorf foi das primeiras lendas do clube a anunciar que o seu ciclo acabava ali. No último encontro da tal temporada (2011/12), o estádio de San Siro encheu-se para o que serviu como uma despedida para vários nomes. Além de Pippo Inzaghi (que marcou um golo), o clube dizia adeus a Alessandro Nesta, Gianluca Zambrotta, Gennaro Gattuso, Mark Van Bommel e Andrea Pirlo. Nesse dia, o Milan começou a ficar sem lendas. Hoje, volta a dizer olá a uma delas.