Uma equipa do Instituto de Biologia e Imunologia Molecular (IBMC), do Porto, liderada por Hélder Maiato, descobriu um novo mecanismo de controlo da divisão celular que promete “revolucionar o nosso conhecimento sobre a vida e como ela se transmite”.
O trabalho, publicado hoje na edição online da Science, é “100% made in Portugal” e descreve “um novo ponto de controlo na divisão das células. Todos os passos da divisão celular são sequenciais e só se inicia um novo passo se o anterior se desenrolar com sucesso. Estas transições são reguladas pelos denominados pontos de controlo, uma espécie de posto fronteiriço”.
Os autores demonstraram que “a região central das células em divisão é capaz de medir a posição dos cromossomas, estabelecendo assim um novo paradigma no controlo da divisão celular”. O mecanismo agora revelado funciona como “uma ‘régua’ que atrasa um dos últimos passos da divisão celular – a formação dos novos núcleos — para garantir que os cromossomas se distribuem corretamente entre as células filhas”.
A equipa de Hélder Maiato procurava compreender os mecanismos que garantem que nenhum dos cromossomas fica fora dos núcleos que se formam na fase final da divisão celular.
O que move Hélder Maiato, é a compreensão dos processos biológicos ditos fundamentais, com o argumento de que “só depois de os compreendermos é que será possível controlá-los”.
Hélder Maiato considera que “perceber a divisão celular permite descodificar uma base comum essencial para a vida de todos os organismos, com fortes implicações para a saúde humana”. Mas, o que move Hélder Maiato, é a compreensão dos processos biológicos ditos fundamentais, com o argumento de que “só depois de os compreendermos é que será possível controlá-los”.
Por esse motivo, considera “muito gratificante” o interesse da Science por este trabalho em concreto, que “trata a descoberta pela descoberta, sem qualquer pretensão de aplicação à saúde humana”.
Para o investigador, desenvolver um trabalho desta natureza e nesta altura, quando “a palavra de ordem é crescimento económico”, só é possível com “a liberdade financeira e conceptual que o European Research Council (ERC) permite”. Esta organização europeia concede financiamento que pode ir até seis anos e que valoriza a excelência na investigação, dando tempo para que projetos de elevado risco e de retorno imprevisível, mas com maior potencial de revolucionar uma área de conhecimento, sejam possíveis.