Argentina — Suíça, às 17h (Sport.TV1)

Os suíços não têm grande tradição no futebol mas há duas coisas que ninguém lhes tira: já organizaram um Campeonato do Mundo e foram protagonistas do jogo com mais golos dos Mundiais. E esta história, que ficaria conhecida como “a quente batalha de Lausanne”, até junta esses dois episódios — o nome resultou da temperatura que se fazia sentir: 40º. Tudo aconteceu no Estádio Olympique de la Pontaise, em Lausanne, na tarde de 26 de junho de 1954, perante 35 mil adeptos. Áustria e Suíça discutiam o acesso às meias-finais, onde acabariam por defrontar a Alemanha Ocidental.

O apito inicial soou e não foi preciso muito para os adeptos entrarem numa verdadeira montanha-russa. Este foi um jogo de loucos. Aos 19′, os suíços já venciam por 3-0. Os austríacos responderam de imediato, qual partida de xadrez. Bastaram oito minutos para chegar ao três-três. Era a primeira vez que alguém recuperava de um três-zero numa Copa. Este duelo tresloucado continuou a sua marcha imparável e registaram-se mais três golos até ao intervalo: a Áustria seguia na frente por 5-4, embora tenha falhado um penálti, por Körner. A Suíça não conseguiria dar a alegria ao seu povo de jogar as “meias” e perderia por 7-5, naquele que é o jogo com mais golos na longa história dos Campeonatos do Mundo, que teve início em 1930.

Essa seria a última vez que os suíços jogariam os quartos-de-final do torneio mais importante de futebol. Agora, em pleno 2014, têm “apenas” a Argentina de Messi a separá-los de repetir o feito de 1952. Os olhos estão postos em Shaqiri, o extremo do Bayern Munique que marcou os três golos suíços na decisiva vitória contra as Honduras na fase de grupos. Será ele capaz de novo milagre?

Este duelo entre Argentina e Suíça não é inédito em Mundiais. Em 1966, os suíços começaram por perder por 5-0 contra a Alemanha Ocidental de Franz Beckenbauer, que até marcou dois golos e, por altura do confronto com a Argentina, já estavam eliminados na derradeira jornada do Grupo 2. O palco foi o Estádio Hillsborough, em Sheffield, o tal que veria, alguns anos depois, uma das piores tragédias do futebol — Liverpool vs. Nottingham Forrest, em 1989. A Argentina agarrou-se ao segundo lugar do grupo com uma vitória, mas os golos chegariam apenas na segunda parte — Artime (52′) e Onega (79′). A seleção sul-americana cairia logo nos “quartos” aos pés da equipa da casa. O salvador foi o inglês Geoff Hurst, que acabaria por ser rei na final contra a Alemanha ao fazer um hat-trick.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Bélgica — EUA, às 21h (RTP1)

Belgas e costa-riquenhos. O que têm em comum? Olha-se para a fase de grupos e a resposta fica fácil — foram as seleções que se qualificaram para os oitavos de final, em primeiro, com o menor número de golos marcados. Foram só quatro. É pouco, mas foi suficiente para a Bélgica fazer nove pontos e fintar um duelo com a Alemanha logo ao início da fase a eliminar.

Repete-se: é mesmo pouco. Então quando se tem Lukaku, Hazard, Mertens ou De Bruyne na equipa, pior fica. A Bélgica prometia. E continua a prometer. O talento em bruto está lá, mas a incapacidade em pegar num jogo e fazer dele o que pretender ainda não apareceu nesta Copa. Algo que os norte-americanos já demonstraram — e logo contra Portugal. Foi no segundo duelo da fase de grupos que a equipa de Jurgen Klinsmann conseguiu, durante vários momentos, encostar a seleção nacional à sua área e rodopiar a bola como quis.

Isso, para os belgas, até nem será mau: os diabos vermelhos estão habituados a contra-atacar. Aliás, é o que fazem melhor, aproveitando a urgência em aproveitar o erro inimigos para dar uso à velocidade continda nas perdas de Hazard, Mirallas (tem estado mais no banco do que em campo) ou Mertens. Há 12 anos, quando atingiram os oitavos do Mundial da Coreia do Sul e do Japão, a sensação que davam era a de que já era uma sorte estarem ali. Agora, antes do confronto, o que se sente é que a Bélgica pode e deve seguir em frente — só foi mais longe que isto em 1986, no México, quando apenas parou no 4.º lugar.

Em 2002, os norte-americanos só pararam nos quartos, mas não mais igualaram o desempenho que levaram até ao primeiro Mundial de sempre — em 1930, foram até às meias-finais. Agora, com Jurgen Klinsmann, tentarão reverter uma tendência: em seis duelos com os belgas, apenas venceram um e perderam os outros cinco.