A campanha de António Costa é feita “à base de voluntarismo e militância de várias pessoas” explicou o seu diretor financeiro, Agostinho Abade. Os carros em que Costa se desloca para falar com militantes em todo o país? São emprestados pelos apoiantes. O combustível? Pago pelo próprio autarca de Lisboa. O site do Mobilizar Portugal? Feito por voluntários. Os cenários, iluminação e som das acções de campanhas? Vão ser pagos pelos PS.
Os esclarecimentos sobre os dinheiros da campanha das primárias – pedidos previamente pelo Observador e cuja resposta assentou nos termos dos estatutos – chegaram como resposta ao artigo de opinião de João Miguel Tavares, que no dia 17 de julho pediu transparências às contas do Partido Socialista no processo das primárias e foram publicados na edição deste domingo do Público. “Permita-me contestar a expressão “rios de dinheiro” gastos que não corresponde, de todo, à verdade. A campanha tem sido feita até agora, e certamente continuará a ser assim, à base de voluntarismo e militância de várias pessoas, entre as quais eu próprio me incluo” escreveu Agostinho Abade.
Segundo o diretor da campanha do oponente de Seguro, é isto que acontece nas deslocações. “As duas viaturas de gama média que têm sido utilizadas, [são] emprestadas por militantes que apoiam o dr. António Costa, que têm também suportado o combustível gasto”, e é por isso que variam, consoante a disponibilidade de quem as empresta, explica o diretor financeiro. Quanto ao site, é explicado que “foi elaborado e é mantido voluntariamente por uma série de apoiantes da candidatura (que também o fazem nas redes sociais), não tendo custado um cêntimo que fosse”.
Mas se estes gastos têm justificação, outros contam com dinheiro que ainda não foi dado atribuído pelo partido, nomeadamente os fundos necessários para a logística dos comícios organizados por todo o país. “Quanto aos cenários e ao som, que também fazem parte das suas preocupações, serão obviamente custos a imputar à subvenção que o PS fornecerá às candidaturas, nos termos do regulamento destas eleições, e que farão parte do orçamento que entregaremos à comissão organizadora, logo que a candidatura seja formalizada”, sublinha Abade.
O diretor deixa ainda claro “todas as pessoas que têm colaborado com o dr. António Costa são voluntários e não têm qualquer remuneração por esse facto”. É também estipulado essas pessoas “fazem-no com base na disponibilidade do seu tempo” e que a campanha não impede ninguém de participar, mesmo aqueles que têm contratos de prestação de serviços com a Câmara Municipal de Lisboa.
Costa diz que há perceções que não colam à realidade
O próprio António Costa também sentiu necessidade de responder a João Miguel Tavares. “Se a sua cabeça está no Largo do Rato e não no Largo do Município, não faz sentido algum António Costa andar a receber o ordenado de presidente de câmara” escreveu o jornalista e o autarca justificou que dedica à campanha “apenas o tempo que me é disponibilizado pelo exercício do cargo para o qual fui eleito pelos lisboetas, ou seja, as noites e os fins-de-semana”.
O candidato a candidato socialista a primeiro-ministro passou depois a enunciar os compromissos públicos da sua agenda da semana passada, terminando por dizer que “há percepções — como esta que hoje transmite no artigo em causa — que não colam à realidade”.