Alberto João Jardim participa domingo, pela última vez como presidente da Comissão Política Regional do PSD-Madeira, na tradicional festa social-democrata na Herdade do Chão da Lagoa, na freguesia do Monte, nas serras sobranceiras à cidade do Funchal.

O líder dos sociais-democratas madeirenses já disse que não se candidata a mais um mandato a presidente do PSD-M, função que vem exercendo desde 1974.

A 19 de dezembro deste ano, com uma segunda volta a 29 desse mesmo mês, o PSD-M realiza as suas eleições internas para escolha do próximo líder do partido, o qual sucederá a Alberto João Jardim e será aclamado no congresso regional a ter lugar a 10 de janeiro.

Na corrida, já estão na calha o ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Albuquerque, o vice-presidente do Governo Regional, João Cunha e Silva, o secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais, Manuel António Correia, o vice-presidente da Assembleia Legislativa, Miguel de Sousa, e o ex-eurodeputado, Sérgio Marques.

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Alberto João Jardim tenciona abandonar a presidência do Governo Regional no dia a seguir ao congresso, deixando o lugar ao novo líder do partido, que deverá cumprir os últimos nove meses do mandato do executivo eleito em 2012.

Jardim admite, no entanto, governar até às eleições legislativas regionais de outubro de 2015, caso o Presidente da República não subscreva a solução por ele delineada.

A festa dos sociais-democratas madeirenses, o partido maioritário na Madeira há mais de três décadas liderado por Alberto João Jardim, acontece mais uma vez sem a presença de dirigentes nacionais do partido.

Noutros tempos passaram pelo Chão da Lagoa diversos líderes do partido, casos de Francisco Sá Carneiro, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso, Marques Mendes, além de outras figuras do PSD, o que já não acontece há alguns anos.

As dezenas de barracas representando as diferentes freguesias e as diversas estruturas do PSD, além de outras dezenas exploradas por vários comerciantes e associações de caráter social, que facultarão muitos comes e bebes, além da muita animação musical, são ingredientes daquela que é considerada a maior festa popular da Madeira e que este ano tem como cabeça de cartaz o cantor Micael Carreira.

“Nunca estive tão distante de um Governo do meu partido como deste”

Em entrevista ao Expresso este sábado, Alberto João Jardim diz que este é o momento para substituir o líder do PSD-Madeira, apesar de considerar que a Madeira ainda não se cansou dele. “Se a Madeira estivesse cansada não me tinha dado dez maiorias absolutas”, diz.

Jardim diz que a sua relação com o povo madeirense não mudou, ao contrário daquilo que aconteceu com o PSD. “Eu estou melhor com o povo do que com o partido”. Alberto João Jardim garante nunca ter estado tão distante de um Governo do PSD como do Governo do PSD e diz que atualmente se sente “à esquerda como nunca”. E acha que não é o único: “o povo de direita está descontente”.

Sobre Passos Coelho, Jardim diz que “deveria ter sido mais humano”, uma vez que “a política é feita de pessoas e famílias, a política não é só o Orçamento de Estado”.

O ainda presidente do PSD-Madeira garantiu que não será candidato nas próximas eleições, apesar de dizer que não se vai afastar da vida política. “Líder deste PSD-Madeira nem pensar”.

Mas perante a insistência do jornalista do Expresso relativamente aquilo que Jardim vai fazer depois de deixar a liderança do partido na Madeira, Alberto João Jardim disse: “Não tenho planos por enquanto. Não se metam na minha vida, esqueçam que eu existi. Deixem-me em paz”.