Um novo algoritmo informático foi capaz de sincronizar o movimento de mil robôs. O projeto foi desenvolvido pela Universidade de Harvard e conseguiu que um enxame de pequenas máquinas do tamanho de moedas comunicasse entre si para se organizar e desenhar formas específicas. A primeira foi a letra K (de Kilobot), o nome de cada pequena unidade robótica.

Michael Rubenstein e Radhika da Universidade de Harvard e Alejandro Cornejo do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets) são os cientistas responsáveis por este projeto. Tinham por objetivo elaborar um esquema de comunicação que permitisse que os robôs fossem capazes de se organizar autonomamente, à semelhança do que acontece na Natureza quando, por exemplo, as aves ou os peixes se deslocam em bando ou cardume. Esta ligação que faz com que um grupo se comporte como um único organismo é mais fácil de imaginar que concretizar.

A equipa resolveu o problema instalando transmissores e recetores de infravermelhos, uma tecnologia bem conhecida aqui aplicada em larga escala. As pequenas máquinas (com três pernas vibratórias) emitem sinais entre si em permanência e movimentam-se sobre uma placa que funciona como sistema de carregamento. Os Kilobots deslocam-se muito lentamente e são capazes de se auto-organizarem em formas simples.

A importância fundamental deste desafio é o algoritmo informático que está na base deste exercício. Os robôs precisam de instruções para trabalhar, mas este novo sistema permite que eles se organizem e coordenem a partir de um pequeno número de máquinas, que vão passando informação entre si controlando-se em permanência. Por exemplo, sempre que um Kilobot se desvia da rota estabelecida, é imediatamente reposicionado pelas máquinas vizinhas. É esta “inteligência colectiva” observada na Natureza que foi agora aplicada pela primeira vez num tão grande número de máquinas.

O foco deste projeto é o algoritmo e o potencial das suas futuras aplicações. Para já, construir robôs em grande escala e com funções complexas é muito caro, mas o planeamento informático de gestão e comunicação é um passo importante que adianta caminho no futuro da robótica. James McLurkin, especialista em robótica da Universidade de Huston (Texas) afirmou à revista Science que “isto é o Santo Graal do que queremos fazer com os robôs.” Ele afirma que este projeto oferece aos cientistas novas ideias de programação que ajudem no futuro, por exemplo, a “procurar um avião despenhado no fundo do oceano, […] a desenhar uma pista de aterragem num campo em situações de emergência ou colocá-los numa gruta e esperar que eles tragam um mapa completo do espaço.” Em suma, estas máquinas podem vir a ser usadas de forma eficiente em situações em que a ação humana apresenta limitações.

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