O Paris Saint-Germain acabava de vencer. Dois golos contra nenhum do Bastia. E pronto: apertam-se as mãos, trocam-se cumprimentos, camisolas, e tudo para o balneário. Quando chegou a vez de Thiago Motta entrar no túnel de acesso ao relvado do Parque dos Príncipes, o brasileiro do PSG tinha alguém à sua espera. Era Brandão. E o resultado não foi brando: o avançado resolveu dar uma cabeçada no adversário e Motta acabou com o nariz partido.

Agora, muita confusão depois, o Bastia, clube do brasileiro agressor, decidiu nada fazer. Pelo menos, por enquanto. “O clube condena de forma inequívoca o gesto do atacante Brandão contra Thiago Motta” e “reserva a possibilidade de agir posteriormente”, anunciou a direção da equipa da Córsega, em comunicado. “Os dirigentes, staff e jogadores não podem, de maneira alguma, substituir as instâncias habilitadas para pronunciarem sanções desportivas”, acrescentou.

Ou seja, um eventual castigo do Bastia ao brasileiro apenas surgirá após a liga francesa de pronunciar sobre o caso.

E já se fala num possível castigo de dois anos. Sanção que, traduzida, significaria talvez o fim da carreira de Brandão — o avançado já tem 34 anos de idade. Castigado ou não, o próprio presidente e dono do PSG já defendeu que o brasileiro não deveria voltar a pisar um relvado. “Não é digno de ser um profissional de futebol. Devia ser erradicado”, defendeu Nasser Al-Khelaifi. E o qatari não foi o único a condenar o incidente.

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Ao juntar os destaques da segunda jornada da liga gaulesa, a revista France Football descreveu o episódio como um “gesto de loucura”, classificando a cabeçada de Brandão como “indefensável” e indesculpável”. E lembrou uma coisa — não foi a primeira vez que o avançado se meteu em imbróglios. Verdade.

Em 2011, quando ainda jogava no Marselha de Didier Deschamps, uma mulher acusou o brasileiro de a ter violado. O jogador até chegou a ser detido e alegou que houve sexo no interior de um carro, mas consensual. Mais de um ano depois, o jogador foi ilibado. Na época passada, já no Saint-Étienne, uma entrada sua lesionou Thiago Silva, capitão do PSG.

Semanas depois, após marcar o golo da vitória contra o Marselha, mandou calar os adeptos e foi suspenso por três jogos. “Quero saber quantos jogos de suspensão vai levar esse cara. Ele é desleal o tempo todo!! Só quer falar o tempo todo ao invés de jogar!!”, defendeu Thiago Silva, no sábado, na sua conta de Instagram, ao comentar a recente cabeçada de Brandão.

E houve outro jogador do PSG a poder queixar-se do avançado do Bastia. Do encontro de sábado, o holandês Gregory Van der Wiel foi substituído, após uma joelhada de Brandão lhe fraturar a segunda vértebra lombar, de acordo um boletim clínico emitido pelo clube parisiense.

Até David Luiz, que se estreou pelo PSG no embate contra o Bastia, criticou o compatriota, ao apelidar de “inaceitável” o facto de esperar “por alguém fora do relvado para fazer uma coisa ruim”. O brasileiro admitiu que ficou “triste” com o sucedido, e explicou porquê: “Temos uma grande missão de dar o bom exemplo, dentro e fora de campo. Muitas crianças no mundo querem ser como nós.”

E o outro lado da história, o de Brandão? O brasileiro ainda não falou sobre o episódio, mas o Bastia enalteceu que é de “lamentar o comportamento igualmente inaceitável de alguns jogadores, que estão constantemente a insultar e provocar os adversários”. Pelos vistos, Thiago Motta também não será nenhum anjinho.