O Presidente da Indonésia, o maior país de maioria muçulmana do mundo, defendeu que as ações dos militantes do Estado Islâmico “envergonham” a religião e instou os líderes islâmicos a unirem-se na luta contra o extremismo.

“É chocante e está a ficar fora de controlo”, disse Susilo Bambang Yudhoyono, numa entrevista ao jornal The Australian, um dia depois de o Estado Islâmico (EI) ter divulgado um vídeo que mostra a alegada decapitação do jornalista norte-americano James Foley, num ato que revoltou a comunidade internacional.

“Nós não toleramos de forma alguma. Proibimos o EI na Indonésia”, afirmou, instando os líderes internacionais a unirem-se para combater o radicalismo.

Para o chefe de Estado indonésio, que considera que os recentes acontecimentos constituem uma “nova chamada de atenção” para os líderes internacionais em todo o mundo, incluindo os islâmicos, as ações do EI, além de “embaraçarem” o Islão, “humilham-no”.

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“Todos os líderes devem repensar a forma como combatem o extremismo. É preciso uma mudança de paradigma em ambos os sentidos: na forma como o Ocidente perceciona o Islão e como o Islão vê o Ocidente”, frisou.

A Indonésia conta com a maior população de muçulmanos do mundo – cerca de 225 milhões – e abriu a sua própria ‘guerra ao terrorismo’ na sequência dos atentados de Bali, em 2002, e não tem sido alvo de ataques terroristas de grande dimensão desde o de julho de 2009 contra um hotel de luxo da capital que fez nove mortos.

Jacarta estima que dezenas de indonésios tenham viajado para a Síria e para o Iraque para lutar. Susilo Bambang Yudhoyono manifestou-se preocupado com o seu regresso, tendo pedido a agências que evitem que a ideologia radical se alastre à nação.

“Os nossos cidadãos na Indonésia estão a receber mensagens de recrutamento do EI, as quais contêm ideias extremistas”, afirmou o Presidente que, em outubro, conclui dez anos no poder.

“A filosofia do EI apresenta-se contra os valores fundamentais que abraçamos na Indonésia. Na passada sexta-feira, no meu discurso à nação, apelei a todos os indonésios para que rejeitem o EI e parem de espalhar a sua ideologia extremista”, realçou.

“O meu governo e as agências de segurança tomaram medidas decisivas no sentido de reduzir a propagação do EI na Indonésia, incluindo proibir os indonésios de se juntarem ao EI ou lutarem” nas suas fileiras, disse o Presidente, acrescentando que foi também bloqueado o acesso a ‘sites’ na Internet que promovem esta ideia.