O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, pediu nesta quarta-feira à Comissão Europeia que concretize o plano de investimento anunciado em julho pelo presidente eleito Jean-Claude Juncker. Valls referia-se em concreto ao plano de investimento de 300 mil milhões de euros que foi anunciado em julho por Jean-Claude Juncker para fomentar a economia e a criação de empregos.

“A zona euro é, neste momento, a região do mundo com o crescimento mais débil. Quase nulo. Há um problema em concreto com a oferta em quase todas as partes”, disse Valls num discurso perante os membros da MEDEF, o organismo que representa as empresas francesas. O chefe do Executivo francês insistiu que é necessário um “apoio global à oferta na zona euro” recordando que o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) já tinham concluído o mesmo.

Por isso, o chefe do governo socialista pediu a Bruxelas para concretizar o programa de investimento considerando que é “indispensável”, por exemplo, favorecer o emprego jovem, o setor da economia digital ou projetos de construção de infraestruturas. Valls acrescentou que tem de se verificar uma redução do deficit público na Europa “e muito em particular em França”.

“Vivemos acima das nossas possibilidades há 40 anos e, desde 2008, os números vermelhos das contas públicas ultrapassam todos os anos cerca de quatro por cento do Produto Interno Bruto (PIB)”, afirmou. Mesmo assim, Valls defendeu que o “ritmo da redução (da despesa) deve adaptar-se à situação económica atual” pois, argumentou, trata-se de “circunstâncias excecionais” (crescimento nulo e inflação) que é “preciso ter em conta”.

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Valls alertou que, caso se venham a aplicar novas poupanças para compensar o efeito de uma inflação demasiado baixa e um crescimento que ainda não é suficiente, pode-se originar austeridade, o que pode provocar “atrasos no projeto europeu”. O primeiro-ministro francês que enfrentou esta semana uma séria crise política pediu também ao BCE que vá mais longe nas medidas que foram abordadas nos últimos meses no sentido de conseguir baixar o valor da moeda única, porque, afirmou, o euro “encontra-se num nível” demasiado alto, facto que pode prejudicar a competitividade e as empresas.

O presidente francês, François Hollande, nomeou terça-feira o novo Executivo, o quarto desde que tomou posse em maio de 2012, encabeçado pela segunda vez por Manuel Valls, tendo escolhido para a pasta da Economia Emmanuel Macron. Macron, próximo do presidente francês e um homem ligado à banca de investimentos, sucede a Arnaud Montebourg, que fez críticas à orientação económica de François Hollande conduzindo à crise governamental e à queda do executivo gaulês.

Emmanuel Macron, de 36 anos, foi secretário-geral adjunto da Presidência e assessor para a área económica e financeira do Chefe de Estado francês. A nomeação de Macron, que não é membro do Partido Socialista, poderá indiciar, segundo analistas internacionais, que irá seguir “uma linha mais liberal”, podendo ainda sinalizar que o presidente e o primeiro-ministro, Manuel Valls, terão “tomado uma posição” menos favorável aos defensores de “uma política mais social”.