Duas dezenas de trabalhadores do Pingo Doce concentraram-se no Porto em protesto contra o que dizem ser “atropelos e ameaças” da empresa aos seus direitos, nomeadamente a nível de horários e de processos disciplinares.

Em declarações à agência Lusa, Maria Natália, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) que organizou o protesto frente à loja do Pingo Doce na Prelada, acusou a empresa de criar um “clima de intimidação” que está a tornar-se “insustentável”. A agência Lusa tentou, sem sucesso até ao momento, ouvir a este propósito administração do grupo Jerónimo Martins, a que pertence o Pingo Doce.

Segundo a dirigente do CESP, em causa estão alterações introduzidas recentemente nos horários de trabalho e os numerosos processos disciplinares que têm vindo a ser levantados. De acordo com Maria Natália, se até recentemente os horários dos trabalhadores, embora rotativos, eram determinados “em função da hora de abertura e fecho das lojas”, desde há algum tempo que os funcionários são convocados para trabalhar “a partir das cinco ou seis horas da manhã, das três da tarde à meia-noite ou mesmo durante a noite, mesmo não tendo transportes” para chegar ao local de trabalho. Garantindo que estas situações não têm vindo a ser remuneradas enquanto horário noturno, Maria Natália diz que “quem aceitou o banco de horas é pago dessa forma”, embora este não tenha ainda sido “pago a ninguém”.

Debaixo das críticas do CESP estão também as repreensões escritas e os processos disciplinares que têm vindo a ser formalizados, nomeadamente por falhas na caixa, quando aos trabalhadores que ali exercem funções “nem sequer é pago abono de falhas”, como acontece noutras insígnias. “Quando falta dinheiro na caixa, nem que sejam 50 cêntimos, põem um processo disciplinar ao trabalhador”, afirmou, salientando que o Pingo Doce é “a empresa que, no sindicato, mais processos disciplinares [abertos] tem”.

Recordando que a administração do Pingo Doce “prometeu” aos trabalhadores um prémio de 250 euros no final do ano, a dirigente sindical alerta que, “a quem tem processos disciplinares, este prémio não é atribuído”. “O clima de medo é tão grande que está a tornar-se insustentável”, garantiu e adiantando que para denunciar esta situação o CESP pretende fazer mais duas ações semelhantes no dia 24 frente ao Pingo Doce da Avenida da República, em Gaia, e no dia 30 frente ao Pingo Doce de S. Gens, em Matosinhos.

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