Carlos Moedas será ouvido esta terça-feira no Parlamento Europeu, num exame que se prevê duro e que terá a duração de três horas. Antes da audição, o futuro comissário designado por Portugal teve de responder, por escrito, a cinco perguntas elaboradas pelos eurodeputados. O Observador já tinha divulgado essas questões, que incidem sobre a independência, a motivação, as competências e ideias para a pasta da Investigação, Ciência e Inovação. O Diário Económico teve acesso às respostas do comissário português e escreve que Moedas tentou dissolver as dúvidas sobre a sua falta de experiência na área para que foi nomeado.

Nas questões gerais, que incidem sobre competências, motivações pessoais e a independência, e que são dirigidas a todos os eurodeputados, o futuro comissário português sublinhou o facto de ter pertencido ao Governo de Portugal “na pior crise económica das últimas décadas” e acrescentou que a sua experiência de trabalho em diferentes setores “pode ser particularmente relevante numa área onde é essencial uma abordagem multidisciplinar”. Sobre a questão da independência, Moedas garantiu levar “muito a sério as obrigações de completa independência” dos tratados europeus.

Relativamente à questão específica de saber quais as prioridades do comissário para a pasta para que foi nomeado, Carlos Moedas respondeu ser “crucial colocar o foco nas áreas onde se pode alcançar verdadeira mudança”, especificando ser importante “finalizar a Área Europeia de Investigação, melhorar a coordenação política e assegurar uma participação alargada” de todos os estados-membro. Moedas referiu ainda “aumentar sinergias” com os fundos estruturais e de investimento europeus “a nível nacional e regional”.

No que diz respeito às iniciativas que pensa apresentar, Carlos Moedas lembrou que a prioridade será implementar as “impressionantes iniciativas” do Horizonte 2020 e do Pacote de Investimento para a Inovação, recentemente acordadas. O futuro comissário português admitiu pensar sobre novos programas, mas acrescentou que uma nova proposta “terá de passar por uma análise de impacto muito robusta, para assegurar que a ação proposta trará valor acrescentado”.

Carlos Moedas garantiu ainda trabalhar em “estreita cooperação” com o Parlamento Europeu (PE), admitindo ter conhecimento de “algumas controvérsias” com os processos legislativos. Referia-se à polémica da negociação do Tratado de Comércio Transatlântico com os Estados Unidos, cujo processo tem recebido críticas dos eurodeputados por estar a ser feito sem envolver o PE. Para o futuro comissário, “trabalhar de forma compartimentada não é uma opção”, tendo, por isso, declarado estar disponível para participar nas reuniões da comissão parlamentar e nas reuniões bilaterais com os deputados.

 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR