Investigadores da Universidade australiana de New South Wales estão a estudar os efeitos secundário do medicamento para a disfunção erétil Viagra na visão. Quando foram feitos os testes clínicos do Viagra já se sabia que o medicamento para a disfunção erétil podia causar algumas perturbações temporárias na visão como a sensibilidade à luz ou visão turva, conforme refere o comunicado de imprensa da universidade, mas os investigadores quiseram saber mais acerca desta ligação.

Mais propriamente acerca do sildenafil, o princípio ativo presente no Viagra e em outros medicamentos contra a impotência sexual. O sildenafil pode inibir uma enzima que é importante para transmitir sinais de luz da retina do olho para o cérebro. Para isto, a equipa estudou os efeitos do componente em ratos saudáveis e em ratos doentes. A doença era retinis pigmentosa, uma mutação bastante comum na visão. Segundo Lisa Nivison-Smith, responsável pela Faculdade de Optometria e Ciências de Visão daquela Universidade, a equipa está preocupada com o facto de “as pessoas que tenham retinis pigmentosa poderem ser mais sensíveis a estes efeitos secundários.”

Os testes ainda só foram feitos em ratos e os cientistas continuam os estudos nos animais doentes para perceber melhor os resultados a longo prazo nestes animais. Nesta primeira experiência, os ratos saudáveis tiveram problemas de visão temporários. Mas os efeitos secundários demoraram mais tempo a passar nos ratos doentes que deram também sinais de morte precoce das células da retina. Para já, os cientistas só podem sugerir a possibilidade de o sildenafil causar a degeneração das células da retina dos portadores desta doença. Pepe Cardoso, presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia disse ao Observador que “não existe qualquer conhecimento de casos [de cegueira] em homens que não tenham retinite pigmentar, nem nos que tenham esta doença.”

A responsável do estudo, Nivison-Smith, ressalva a importância da investigação porque uma em cada 50 pessoas pode ter esta doença da retina sem o saber: “Um melhor entendimento do efeito desta família de medicamentos para a disfunção erétil pode ajudar os cientistas e clínicos a planear melhores estratégias que tenham em consideração a medicação dos doentes e a composição genética das doenças que podem causar a cegueira”.

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