A região de São Paulo vive, desde agosto, a pior seca da sua história. Depois do inverno mais seco dos últimos 45 anos, 15 milhões de pessoas estão na iminência de ficar sem qualquer abastecimento de água, diz o El País.

A situação é descrita como “catastrófica”. A água há muito que deixou de chegar às regiões do interior do Estado paulista. Agora, as reservas hídricas da zona metropolitana estão a chegar ao fim, apesar da empresa de saneamento Sabesp, responsável pelo abastecimento de 60% dos municípios de São Paulo, continuar a negar a existência de qualquer plano de racionamento de água. Todavia, de acordo com uma sondagem de setembro do instituto Ibopeos, os cortes no abastecimento estão afetar 38% da população, 15,5 milhões de pessoas, o que se traduz numa situação de quase calamidade.

De acordo com vários especialistas ouvidos pelo jornal espanhol, a falta de chuva e as altas temperaturas não são os únicos responsáveis pela seca. Júlio Cesar Cerqueira, engenheiro civil e membro do Conselho de Meio Ambiente da Federação das Indústrias São Paulo, acusou os sucessivos governos estaduais de não terem investido o suficiente no planeamento e no sistema de distribuição de água, que considera obsoleto.

“O nosso sistema está completamente ultrapassado. Há 30 que temos as mesmas infraestruturas, porque nenhum governo investiu na expansão do sistema, enquanto a população da cidade cresceu para os atuais níveis”, lamentou Julio Cesar Cerqueira.

O Governo de São Paulo garantiu, no entanto, que a reserva de água aguentará até março do próximo ano, afastando, mais uma vez, a existência de qualquer plano de racionamento.

O Estado de São Paulo é atualmente liderado pelo social-democrata Geraldo Alckmin, membro do partido de Aécio Neves, candidato à presidência do Brasil, o que tem sido aproveitado politicamente por Dilma Rousseff. Esta segunda-feira, a presidente do Brasil acusou o governo paulista e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) de má gestão na crise do abastecimento de água.

“É preocupante e também muito triste saber que os brasileiros que vivem em São Paulo, o estado mais rico do país, estão passando por uma crise pela falta de água sem precedentes porque estamos falando de um problema alertado há anos”, criticou Dilma numa entrevista.

Resta saber se a seca que assola São Paulo, um dos principais bastiões da candidatura de Aécio, não o prejudicará nas eleições do próximo domingo, dia 26.

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