Bola de Ouro. Se pensar apenas em si e no reconhecimento que, sozinho, poderá ter, não há prémio pelo qual um jogador pode andar mais guloso. É com ele que, a cada ano, a FIFA distingue o melhor jogador do mundo. Neymar ainda não lhe tocou. Se lhe acabar nas mãos, contudo, o brasileiro poderá também tocar em 500 mil euros — a quantia que alegadamente o Barcelona lhe pagará caso vença o galardão até 2018, ano em que termina o vínculo entre o brasileiro e o clube catalão.

A verba fazia parte de uma cláusula que mora num alegado “contrato secreto”, assinado no verão de 2013, entre o moleque brasileiro e o Barça, segundo o jornal Marca. E seria uma de muitas. Por exemplo: se Neymar, durante a época, alinhasse em pelo menos 45 minutos em 60% dos jogos que o Barça realizasse, receberia 1,25 milhões de euros na conta bancária.

E teria direito a outros 1,25 milhões, que até nem ficavam dependentes do que o brasileiro conseguisse fazer com a bola nos pés — a mesma quantia seria-lhe paga caso a equipa se qualificasse para a Liga dos Campeões e, depois, atingisse os oitavos de final.

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Infografia: Milton Cappelletti.

Eram prémios atrás de prémios. Havia um a receber se o Barça conquistasse a La Liga (750 mil) ou outro se vencesse a Liga dos Campeões (um milhão de euros). E se acabasse por levantar dois ou mais troféus ao longo da época, Neymar poderia acabar por receber 2 milhões de euros só pela conquista de títulos. Um valor que corresponderia a um terço dos 6 milhões que hoje recebe anualmente de salário. No meio de tudo isto, Wagner Ribeiro, o empresário do brasileiro, teria direito a ficar com 5% de tudo o que fosse pago a Neymar.

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O que falta saber é se foi realmente este o contrato que Neymar firmou com o Barça.

Seria muito dinheiro? Talvez. Mas há quem receba mais. E a Forbes provou-o. A revista norte-americana, especialista em montar rankings e listas dos mais ricos ou mais bem pagos, disse que o brasileiro de 22 anos foi o quarto futebolista que mais dinheiro lucrou com salários, em 2014 — 9,4 milhões de euros.

Um valor que até torna credível o alegado contrato revelado pela Marca. Basta fazer contas: além dos 6 milhões que receberia de ordenado, Neymar acumularia os prémios referentes à conquista da liga espanhola (750 mil euros), à participação em 60% dos jogos da equipa (1,25 milhões) e ao facto de ter chegado com o Barça às meias-finais da Liga dos Campeões (outros 1,25 milhões). Somado, tudo isto daria 9,25 milhões de euros.

Já agora, à sua frente na listagem da Forbes ficaram apenas Zlatan Ibrahimovic, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, que liderou o ranking.

Agora é preciso contextualizar. Em dezembro de 2013, um sócio do Barça, Jordi Cases, pediu um esclarecimento à direção do clube, sobre o negócio Neymar. Depois, até fez uma queixa na justiça contra Sandro Rosell, ex-presidente dos blaugrana. Aqui abriu-se a porta a um processo em que se acabaria por descobrir que o Barça poderia acabar por pagar 95 milhões de euros pela contratação de Neymar — ao contrário dos 57 milhões inicialmente veiculados. A 21 de outubro, o tal sócio retirou o processo, dizendo estar já “esclarecido” sobre tudo o que se passou.

Fim da história? Parece que não. O Barcelona, durante o processo, teve de enviar vários documentos à justiça. E o único que a direção do Barça não assinou antes de ser enviado a um juiz espanhol foi precisamente o suposto “contrato secreto” que o desportivo Marca revelou esta quinta-feira — a dois dias de se jogar o El Clásico, ou seja, o Real Madrid-Barcelona, no Santiago Bernabéu.