Nome, morada, informações bancárias, fotografias, vídeos, localização atual e contactos de amigos. É isso que Gary Milliefsky, o presidente e fundador da empresa de segurança informática SnoopWall, diz que é possível roubar graças à lanterna dos smartphones. No programa da Fox News “Special Report” com Bret Baier, este mês, Milliefsky porventura abusou no tom ao comparar este problema de espionagem com o surto de Ébola, pois afeta “500 milhões de pessoas”, mas ficou claro que estamos perante um assunto muito sério.

Segundo Milliefsky, as dez aplicações mais populares na Google Play Store para otimização da lanterna são na realidade ferramentas de espionagem, qual 007. “É óbvio para nós na SnoopWall que estas aplicações estão desenhadas para expor a sua informação pessoal para o cybercrime ou outros países (como China e Rússia). Para além disso, o utilizador está a correr um risco significativo se está a usar o mobile banking [aceder à conta do banco através do smartphone] com o mesmo aparelho que tenha essas aplicações de lanternas gratuitas. A nossa recomendação é desinstalar a aplicação da lanterna imediatamente”, pode ler-se num relatório da empresa, que testou as dez aplicações mais populares para Android.

Ao instalar estas aplicações somos obrigados a deixá-las aceder a informação relevante como contactos, fotografias, localização, informação sobre as redes wifi, entre outros dados que nada têm a ver com um simples led que queremos acender no telefone. Muitas destas funções estão descritas no contrato de privacidade que a maior parte dos utilizadores não lê e aceita sem ter noção da quantidade de informação que está a fornecer à aplicação.

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Um bom exemplo desta prática é o da Brightest Flashlight, uma aplicação que somou qualquer coisa como 50 milhões de downloads. Mas havia uma jogada na manga: colecionar as localizações dos utilizadores e vender a empresas de publicidade. A Comissão Federal do Comércio (CFC) dos Estados Unidos entrou em ação e ameaçou uma valente multa, que só não aconteceu mediante três condições: Erik Geidl, o único responsável pela aplicação, teria de parar de arquivar dados de localização e apagar os que já havia registado, escrever relatórios para a CFC e, para os próximos dez anos, terá de informar a Comissão Federal do Comércio se iniciar algum outro projeto.

A SnoopWall criou entretanto uma aplicação gratuita que permite verificar as aplicações às quais demos acessos desnecessários. Em alguns casos desinstalar a aplicação não será suficiente pelo que será necessário fazer um “reset” de fábrica ao aparelho. A informação usurpada tem, de acordo com Milliefsky, três destinos maioritários: China, Índia e Rússia.

Por que razão uma aplicação de uma lanterna pede acesso ao GPS e contactos? Foram essas questões que levaram Milliefsky e companhia a investigar. Isso e o tamanho da aplicação: as normais terão 100k, enquanto as outras, as que espiam, terão entre 1.2MB e 5MB. Da próxima vez que estiver à procura das chaves, de um brinco que caiu ou estiver tentado a fazer batota a jogar ao quarto escuro, lembre-se que poderá estar a ser espiado. Ou então jogue pelo seguro: arranje uma lanterna verdadeira…