A Comic Con é um evento que celebra a cultura pop. A primeira convenção internacional decorreu em 1970 em San Diego (EUA) e começou por ser dedicada aos livros de banda desenhada. Com o passar dos anos espalhou-se pelo mundo e viu alargado o universo a outros meios e suportes: jogos, filmes e nos últimos anos as séries televisivas. A Comic Con realiza-se pela primeira vez em Portugal este fim de semana, em Matosinhos.
Essa diversidade sente-se no ambiente que se vive na Exponor. Estão representadas muitas séries de culto, a indústria dos jogos (novos e vintage), as tatuagens, pinturas corporais e as máscaras e vestimentas a rigor. É uma grande encenação, apreciada e vivida por protagonistas e assistência, aficionados ou apenas curiosos, todos parecem saber ao que vão. Pagam bilhete para ali aparecerem trajados a rigor, mortos-vivos, lolitas, Batmans e super-mulheres. Um baile de máscaras que é tudo menos carnaval. À diversão junta-se o respeito pela arte com que crescem ou cresceram jovens e adultos. Afinal, todos somos feitos também de sonhos.
E são recordações de sonho que ali se mostram e vendem. Há um pavilhão com dezenas de bancas de lojas portuguesas e estrangeiras, onde se pode comprar de tudo um pouco. Bonecos de peluche, porta-chaves, pins e alfinetes. Toalhas, chapéus e almofadas, camisolas e t-shirts. E tintas e lápis e pistolas especiais. E Legos e figuras de colecionador. E jogos, muitos jogos. De tabuleiro, das “antigas” máquinas de tiro aos sofisticados jogos de pilotagem com três ecrãs. É claro, os óculos rift.
Além da exposição propriamente dita, decorreram ao longo do dia workshops e conferências (destaque para o League of Legends). Durante este fim de semana alargado vamos falar delas. Antes da conferência de Morena Baccarin, assistimos a um desfile da guerra das estrelas, (com um Darth Vader gigante – dois metros de altura), zombies (“Walking Dead”), e também assistimos a uma tatuagem ao vivo e a cores, literalmente.
Falámos com Miguel Dias e com Pedro Oliveira durante alguns minutos, porque aquele é um trabalho lento e onde se paga cara a distração. Miguel juntou à dezena de tatuagens que já tem uma Phoenix “pelo seu significado”. Contou-nos que não sabe quando irá deixar de acrescentar símbolos ao corpo, que “é a vontade que manda”. Se dói? “Claro que dói!”, mas a vontade daquela inscrição dá-lhe força. Pedro Oliveira é tatuador há três anos na Wild Buddha Tatoo e mostrou uma mão firme, mas a Phoenix ainda estava longe de estar terminada. O profissional estará lá durante os três dias e espera muito trabalho.
Mas o dia resumia-se a um grande momento. Foi perante uma plateia cheia que Morena Baccarin fez a sua entrada na Comic Con. Nascida no Rio de Janeiro, filha de uma atriz e de um jornalista, foi viver para Nova Iorque quando tinha dez anos. Estreou-se como atriz com dezasseis anos e na televisão em 2002 com “Firefly”.
Mais recentemente, a atriz participa na série “Gotham”, que conta a história da ascensão do comissário James Gordon, nos anos anteriores ao aparecimento de Batman. A série, que em Portugal tem estreia marcada para hoje, 6 de dezembro, é baseada numa banda desenhada, mas não segue à risca a evolução das personagens. Apesar disso, é possível assistir ao desenvolvimento de alguns dos inimigos de Batman e seguir a sua história, como é o caso de Pinguim. Quanto a Morena Baccarin, esta interpreta o papel da doutora Leslie Thompkins, amiga dos pais de Bruce Wayne (o futuro Batman). Em relação às gravações, Morena disse que “têm sido muito divertidas”, mas não quis adiantar nada sobre a sua personagem ou sobre “Gotham”.
Também este ano, a atriz participou na mini-série “The Red Tent”, baseada na história bíblica de Jacob e Raque, e entrou num novo episódio da série “O Mentalista”. Morena desvendou um pouco do episódio, dizendo que a personagem que interpreta (Erica Flynn), reaparece sem boas intenções “como sempre”. O novo episódio, ainda por estrear, passa-se em Beirute no Líbano. Para o próximo ano irá estrear um novo filme, chama-se “Spy” e é uma comédia “muito divertida” sobre agentes da CIA.
Apesar do trabalho mais recente em séries como “O Mentalista” ou”Segurança Nacional”, a atriz ficou conhecida com a série de ficção científica “Firefly”, na qual se estreou na televisão. Passada no ano de 2517, conta a história de uma tripulação e da luta pela sobrevivência enquanto viaja por partes desconhecidas da galáxia. Apesar de ter atingindo algum sucesso, “Firefly” foi cancelada ao fim de uma temporada para grande desgosto dos fãs. Outra série em que participou e que sofreu o mesmo destino foi “V”, que ao fim de três anos e de um percurso de gravações irregular, acabou também por ser cancelada. Quando questionada sobre a forma como um ator lida com isso, Morena disse ser essa a “parte mais difícil” do trabalho. “Somos um pedaço tão pequeno do negócio da televisão. Somos apenas atores. Parece que temos poder porque é a nossa cara que aparece na televisão, mas existem mil pessoas a tomarem decisões”, confessou. “É difícil porque às vezes perdes anos de vida. É difícil porque queres continuar, queres contar a história e vês que existem fãs”, explicou.
Foi também num português carregadinho de sotaque que se falou de “Balas e Bolinhos”. Álvaro Costa, o conhecido apresentador da televisão e da rádio, moderou o debate entre dois amigos — Luís Ismael e Jorge Neto, atores, realizadores e os criadores da trilogia “Balas e Bolinhos”. Durante uma hora, falou-se dos três filmes, das peripécias de gravação e de bolinhos de bacalhau. Mas à pergunta que todos queriam ver respondida, “haverá um Balas e Bolinhos quatro?”, a resposta foi direta: não. Mas existem outras ideias e outros projetos. “Queríamos acima de tudo fazer um filme de que gostássemos”, referiu Luís Ismael. “Filmar, acima de tudo”, acrescentou. Apesar de uma nova sequela de “Balas e Bolinhos” ser pouco provável, os dois atores prepararam um surpresa para os fãs — a apresentação da curta-metragem “Balas e Bolinhos: Entrevista de emprego”.
Ao longo do dia estivemos no Twitter a acompanhar o evento com a etiqueta #ComicCon. Siga-nos durante o fim de semana em twitter.com/observadorpt.