O histórico socialista António Campos afirmou neste sábado que a justiça, ao colocar José Sócrates na prisão, lançou “uma bomba atómica sobre a democracia”, por considerar que o antigo primeiro-ministro “está detido sem ter acusação”. “A justiça mandou uma bomba atómica sobre a democracia, mas, até agora, ainda não provou nada. Portanto, vim visitar um amigo que está aqui detido e não sei qual é a razão por que está detido. E ele também não sabe”, disse.

António Campos, um dos fundadores do PS, falava aos jornalistas à porta do Estabelecimento Prisional de Évora, onde hoje à tarde visitou o ex-primeiro-ministro José Sócrates, que aí se encontra em prisão preventiva. Para o ex-eurodeputado do PS e antigo secretário de Estado da Justiça, “há uma bomba atómica sobre a democracia”, porque “tem de haver factos muito fortes para um ex-primeiro-ministro, o representante máximo da democracia, estar detido”.

Questionado sobre os indícios da prática de crime, referiu que os que conhece através dos jornais “são feitos com processos de intenção”, assinalando que “a justiça não são processos de intenção, são factos”. “Um país que ama a liberdade, direitos e garantias dos cidadãos não pode permitir um caso destes, porque é a própria democracia que está perigo”, sustentou António Campos, questionando: “Se não há uma acusação forte, como é que se prende um símbolo da democracia, que foi primeiro-ministro eleito por milhões de portugueses”.

A 21 de novembro, o antigo líder do PS e ex-primeiro-ministro foi detido e, após interrogatório judicial, ficou em prisão preventiva, por o juiz considerar existir perigo de fuga e de perturbação da recolha e da conservação da prova. José Sócrates está indiciado dos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada num processo que envolve outros arguidos, incluindo o empresário e seu amigo Carlos Santos Silva, também em prisão preventiva.

 

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