Uma equipa internacional conduziu um estudo com base nos dados recolhidos dos registos de 22 anos da atividade de 75 mil enfermeiras norte-americanas. Este trabalho permitiu chegar a duas conclusões principais: o risco de doença cardiovascular agrava-se em apenas cinco anos de trabalho por turnos e, após 15 anos, as mulheres apresentam também um aumento de 25% no risco de cancro do pulmão. Ou seja, em traços gerais, ficou demonstrada a ligação direta entre o trabalho por turnos e a morte prematura.
É fácil de compreender que o trabalho por turnos é física e psicologicamente desgastante, quem o faz sente-o na pele. Em 2007, a Organização Mundial de Saúde classificou os turnos noturnos como potenciadores da atividade tumoral devido às perturbações no ciclo circadiano (sono/vigília). O estudo agora publicado no American Journal of Preventive Medicine vem reforçar as implicações negativas do trabalho por turnos na saúde.
A investigadora Eva Schernhammer, professora associada na Universidade de Harvard, sublinhou a dimensão do estudo e o facto de, por incidir sobre apenas um género (mulheres) e uma única atividade profissional (enfermagem), ter permitido uma análise estatística mais apurada, o que não acontece quando se estuda a influência de comportamentos em diferentes profissões (apesar da existência de várias especialidades na enfermagem).
O trabalho por turnos é um assunto bem estudado e está associado a muitos problemas de saúde, entre eles: problemas gastrointestinais, diabetes tipo 2, obesidade, depressão, alteração do período menstrual, cancro da mama e infertilidade. A regularização dos ciclos do sono são difíceis de compensar, mas ainda assim é possível minimizar os riscos. Um estudo publicado em 2006 sugere que descansar, por pouco que seja, durante uma noite de trabalho, ajuda a minimizar os efeitos negativos das alterações do ciclo circadiano.