Um frigorífico pode mudar uma vida? Sim. Um frigorífico vai mudar a vida de Santosh Chowdhury. Santosh tem de ir ao mercado bem cedo, todos os dias. A mulher de Santosh tem de cozinhar uma panela de arroz todos os dias. E porquê? Porque não têm forma de guardar as sobras.

O cenário mudou para o casal que vive na aldeia Rameshwarpur, perto de Calcutá, no nordeste da Índia. Na verdade, o primeiro frigorífico da família é também o primeiro frigorífico em toda a aldeia, que tem 200 habitantes. O agora dono da excentricidade explica à BBC a “raridade” do acontecimento: “A minha geração é a primeira da família a ter um frigorífico. Ninguém no tempo do meu pai ou do meu avô teve ou viu sequer um”, explica Santosh Chowdhury.

Santosh começou a poupar dinheiro. Guardava um bocadinho todos os dias. “Eu sonhei com isto durante dez anos”, revela. Para Santosh, a grande conquista é que, a partir de agora, “já não é preciso comprar vegetais todos os dias. Posso armazenar comida. Vai ser ótimo, especialmente no verão”.

Na Europa e América do Norte, 99% das casas têm frigoríficos. Na China, em 2004, 24% dos lares tinham um frigorífico. Em 2014, a taxa subiu para 88%. Na Índia, apenas uma em cada quatro famílias têm um — o que mostra que a inexistência de frigoríficos não é uma realidade assim tão rara.

A ruralidade de Rameshwarpur vê-se nas pessoas a tomarem banho numa lagoa no meio da aldeia e nas casas “pouco maiores do que uma cabana, feitas de barro e tijolo.” Mas, ressalva o repórter da BBC, a aldeia tem energia elétrica e há televisão em muitas casas. Frigorífico ligado, sonho realizado. Primeiros alimentos a usufruírem o privilégio: uma beringela, tomates, ovos e leite.

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