O advogado das famílias dos jovens que morreram na praia do Meco defendeu hoje que audição de um perito do Instituto de Medicina Legal (IML) não eliminou as dúvidas sobre o arrastamento para o mar do arguido João Gouveia.

“O que ele [perito] diz é que as situações de afogamento se desdobram em várias etapas e que uma pessoa dificilmente consegue aguentar mais do que dois minutos no mar sem conseguir respirar (…) e que o facto de uma pessoa apresentar um arrefecimento do corpo não quer dizer que tenha estado dentro do mar”, disse o advogado Vítor Parente Ribeiro, depois de ouvir o depoimento do perito no Tribunal de Setúbal, onde a sessão decorreu à porta fechada.

Vítor Parente Ribeiro falava aos jornalistas após a inquirição de um perito do IML e de duas peritas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), na fase de instrução sobre o caso Meco, relacionado com a morte de um grupo de seis jovens da Universidade Lusófona, arrastado para o mar por uma onda gigante, a 15 de dezembro de 2013.

Os depoimentos dos três peritos tiveram interpretações diferentes por parte do advogado das famílias dos seis jovens que morreram na praia do Meco, Vitor Parente Ribeiro, e da advogada Paula Brum, que defende o único sobrevivente, João Gouveia.

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Confrontada com a argumentação de Vítor Parente Ribeiro, a advogada Paula Brum respondeu que o perito do IML salientou que o cenário referido – impossibilidade de sobreviver mais dois minutos dentro de água – tinha como pressuposto que a pessoa em causa tivesse água no interior dos pulmões, o que não terá sido o caso de João Gouveia.

O depoimento de duas peritas do IPMA, que analisaram as roupas de João Gouveia, também não foi considerado muito revelador para o advogado Vitor Parente Ribeiro.

“Não foram encontrados vestígios de água salgada nas roupas de João Gouveia, mas as análises também não terão sido efetuadas na altura devida, mas só alguns meses depois”, disse.

Durante este segundo dia de instrução, Vítor Parente Ribeiro reiterou ainda o pedido ao tribunal para que os médicos do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e do Hospital Garcia de Orta, em Almada, que assistiram João Gouveia na madrugada de 15 de dezembro de 2013, fossem ouvidos de novo, mas, de acordo com o advogado, o juiz Nélson Escórcio ainda não se pronunciou sobre o requerimento.

Para já, a única certeza é a de que a fase de instrução será retomada terça-feira, dia 17 de fevereiro, a partir das 10:00, com a continuação da inquirição de uma das duas técnicas do IPMA, prevendo-se que o debate instrutório seja concluído nesse mesmo dia.