O Teatro do Bairro, em Lisboa, apresentou esta quarta-feira a programação para o ano de 2015 que, para além das suas propostas artísticas próprias, como “E os sonhos, sonhos são”, inclui espetáculos de várias áreas artísticas, da dança ao cinema.

Falando à Lusa, o programador Alexandre Oliveira salientou a necessidade de “tirar partido do espaço nobre” da cidade onde se localiza, o Bairro Alto, e, a par “das suas próprias produções, apresentar uma vertente da programação de várias áreas artísticas”. A opção é justificada como “forma de se combater as dificuldades que se vive no teatro”, e por considerar “importante a contaminação artística”.

Alexandre Oliveira afirmou que o Teatro do Bairro, a celebrar quatro anos de existência, já “tem uma corrente de público” e, no sentido de o fidelizar, este ano foi criado o cartão de “Amigo do Teatro do Bairro”, que atribui um desconto de 50% em todos os eventos e espetáculos, sendo que o preço mínimo a pagar por bilhete será sempre de cinco euros. Outra novidade é o “dia do espetador”, às quintas-feiras, com o preço único de cinco euros para os espetáculos de teatro em cena.

Quanto à programação, “com um orçamento geral acima dos 200 mil euros”, tem início este mês, com o espaço no Bairro Alto a receber, nos dias 27 e 28, “El Fandango de Marx”, com texto, dramaturgia e encenação de Patrícia Pardo, num espetáculo de circo e música tradicional valenciana, com palhaços, equilibristas, uma cantora e um guitarrista, “num mundo violento, punitivo e desigual”, adiantou Oliveira.

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A primeira produção própria do teatro, “E os sonhos, sonhos são”, de António Pires, vai estar em cena durante todo o mês de março, e surge na sequência da anterior encenação de Pires, “Mana solta a gata”, levada à cena em outubro último. Alexandre Oliveira realçou à Lusa a ambivalência da produtora Ar de Filmes, que detém o Teatro do Bairro, ao produzir teatro e cinema, o que tem permitido “um equilíbrio, em que há momentos em que o cinema apoia o teatro e vice-versa”.

“O grande salto da nossa companhia foi com o Filme do desassossego, de João Botelho, que permitiu lançar o Teatro do Bairro e a aquisição deste equipamento e, depois, houve uma crise grande no cinema, em que o teatro conseguiu dar a mão, e a estrutura manteve-se, muito graças ao teatro, e, finalmente, estamos [de novo] com um bom projeto de cinema, Os Maias, também do João Botelho”. Este filme pode ser visto pelo público escolar no Teatro do Bairro, mediante marcação. As sessões são às 11h e têm apresentação pelo realizador ou por um dos atores do filme.

O responsável referiu ainda as parcerias com outras pequenas companhias, como Ao Cabo Teatro, que este ano apresenta duas peças no palco do Bairro Alto. “Esta é uma forma de fazermos circular as nossas peças, e criar uma espécie de ‘mini-rede’, como fizemos no ano passado com o Teatro da Terra, em que apresentámos em Ponte de Sor [no Ribatejo] duas produções nossas, e este ano com ao Cabo Teatro permite-nos realizar um digressão por vários teatros do norte do país”, disse Oliveira.

Entre as propostas, na área da dança, em abril, a companhia de Clara Andermatt apresenta “In my mind”, projeto que volta a reunir a coreógrafa com o compositor Vítor Rua, depois de obras como “O canto do cisne”, “Levanta aos braços como antenas para o céu” e “Silêncio”.

Na área da música, com vista “a apoiar as bandas que estão a começar, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Autores, o Teatro do Bairro cede gratuitamente o seu palco para os músicos jovens mostrarem o seu trabalho, recebendo a bilheteira a 100%”, disse. O ciclo intitula-se “Concertos SPA — Novas Bandas, Novas Músicas” e prevê um espetáculo por mês, na sala da rua Luz Soriano, em Lisboa.