Alegre-se quem já não pode ouvir falar em harmonizações com botânicos em copos de balão: no campeonato das bebidas alcoólicas a cerveja está a ganhar terreno ao gin como a bebida do momento. Sim, a cerveja, essa mesmo: a jola, a bejeca, o fino ou a imperial (quando vem da torneira). A culpa será, sobretudo, das artesanais. Uma febre que fez despertar um interesse mais global por uma bebida que, de repente, deixou de ser olhada apenas como um refresco para acompanhar tremoços, marisco, um jogo de futebol ou as três coisas ao mesmo tempo.

A quantidade de bons locais para beber cerveja que têm aberto nos últimos tempos é reveladora da veracidade do primeiro parágrafo. Exemplos? Cerveteca, em Lisboa, só com artesanais de todo o mundo. Ou a pizzaria Forno d’Oro, que junta pizzas napolitanas a uma lista impressionante de cervejas italianas. E também no Porto há bons exemplos a registar, como a Catraio, uma loja que também é bar. Já o espaço de que se fala aqui, pelo contrário, é bar e não é loja: dá pelo nome de LisBeer e abriu a semana passada em Alfama.

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O espaço continua muito semelhante ao antigo Adufe, tirando as referências cervejeiras na parede / © André Correia

Aqui, a intenção não é glorificar as tão faladas cervejas artesanais, mas sim oferecer qualidade e variedade de rótulos, venham eles de onde vierem. “As pessoas começam a ter aquela impressão de que só as artesanais é que são boas. Não é necessariamente assim, há cervejas muito boas que não são artesanais”, explica Diogo Coelho, o jovem de 26 anos que pegou no espaço do antigo Adufe e, sem lhe mexer muito, tornou-o no bar com maior oferta cervejeira em todo o país.

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Com uma oferta deste calibre, qualquer coisa como 250 cervejas disponíveis em garrafa mais seis torneiras que vão rodando periodicamente, é natural que algumas das opções do LisBeer não se encontrem de todo noutros bares. Exemplos: a Anchor Old Foghorn, uma Barley Wine (um tipo de cerveja frutada e encorpada) de São Francisco, ou a também californiana Sierra Nevada Torpedo IPA (Indian Pale Ale, um tipo de cerveja com mais lúpulo e, por isso, mais amarga). De resto, não faltam marcas de variadíssimas origens, com destaque para as belgas, holandesas, alemãs, britânicas ou portuguesas, entre elas algumas artesanais, como a Letra, a recém-premiada Maldita ou a Passarola.

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As cervejas disponíveis à pressão vão rodando de dois em dois meses / © André Correia

A maneira mais prática de provar a maior variedade possível de cervejas é optar pelo especial de degustação (18€), um tabuleiro com seis copos de 10 cl, acompanhados por seis tipos de queijo, um para cada cerveja. Para quem não está familiarizado com os diferentes géneros da bebida, será até possível fazer uma espécie de roteiro de iniciação, das mais fáceis às mais difíceis de apreciar. Pode começar-se pelas habituais Pale Lager, género onde se incluem Sagres ou a Super Bock, passar daí para as cervejas de trigo, mais leves, evoluir para as trapistas belgas, mais encorpadas, seguir para as pretas, e daí, já com o paladar treinado, apreciar as já mencionadas Barley Wine e IPA. Uma dica: pode usar a rede de wi-fi do bar para ir marcando as cervejas que prova, enquanto descobre outras novas, na rede social Untappd, cada vez mais usada entre os fiéis seguidores de Gambrinus.

E como é que um jovem de 26 anos se mete numa empreitada destas? Palavra ao próprio: “Estudei na Alemanha entre 2009 e 2010 e foi aí que comecei a beber outras cervejas, como as de trigo. Depois passei algum tempo na Bélgica, conheci outras cervejas e quando voltei percebi que ainda não havia oferta suficiente do género em Lisboa. Como também não encontrava trabalho na minha área, Marketing, decidi arriscar.” Brindemos a isso, então.

Nome: LisBeer
Morada: Beco do Arco Escuro, 1, Alfama, Lisboa
Telefone: 21 886 4021
Horário: De terça a domingo, das 16h00 às 02h00. Sexta e sábado até às 03h00.