As múmias e sarcófagos têm despertado a curiosidade de cientistas e leigos e alimentado muitas histórias de ficção. Mas as descobertas que se têm feito em múmias de várias partes do mundo, mais recentemente recorrendo a raios-X e TAC (tomografia axial computorizada), permitem viajar ainda mais longe – e assim perceber do que morreram ou como foram mumificados. A diversidade é grande entre os que ficaram mumificados por acaso, os que foram mumificados por outros ou os que se automumificaram.
Quando se pensa em múmias, é-se facilmente transportado para o tempo dos Faraós, mas a mumificação no Egipto começou muito antes disso e não era exclusiva desse país. China, Peru e Jordânia, mas também Hungria, Itália e Holanda, são alguns dos países que praticavam a mumificação dos mortos e que estão representados na exposição “Múmias do mundo: a exibição“. Outras haverá em que a mumificação foi fruto do acaso, como Ötzi, o Homem do Gelo, que está em exposição no Museu de Tirol do Sul na Itália.
Este homem pré-histórico europeu, com 5.300 anos, é a múmia mais antiga conhecida e foi encontrada com alguns dos bens que lhe pertenciam. Estava de tal modo preservada que foi possível perceber, pelos pólens encontrados no estômago, que o homem teria morrido na primavera ou princípio do verão, que tinha parasitas intestinais e que lhe faltava o décimo segundo par de costelas – uma condição pouco frequente. Além disso, tinha muitas costelas partidas, dentes lascados e outras marcas da vida que levou. Antes de morrer, nos Alpes, levou uma pancada na cabeça e a seta que ficou alojada no ombro esquerdo pode tê-lo feito sangrar até à morte.
As múmias aparecem nas mais diversas posições e condições. Em posição fetal – enrolada sobre o corpo -, simbolizando o nascimento na outra vida, completamente esticadas ou até sentadas. Num buraco escavado na terra, enrolado em panos ou num sarcófago.
Já imaginou um buda automumificado sentado dentro de uma estátuta-sarcófago? Mil dias alimentados com sementes, nozes e água, mais mil dias a ingerir raízes, casca de pinheiro e um chá tóxico, sempre dentro de um sarcófago, refere o Huffington Post. A campainha era um sinal para serem alimentados, mas quando deixavam de a tocar continuavam fechados por mais mil dias. Há quem acredite que era uma forma de atingirem um nível mais elevado de transcendência espiritual.
Uma destas estátuas anda a circular pelos museus da Europa – do Museu de Drents, na Holanda, para o Museu de História Natural da Hungria e em maio segue para o Luxemburgo. Chegou-se a pensar que múmia do monge budista encerrada na estátua há mil anos poderia ser um destes casos de automumificação, mas o TAC revelou que o interior do corpo não tinha órgãos e estava cheio papéis com carateres chineses.