O Sporting é um dos três grandes de Portugal, toda a gente sabe esta lengalenga de cor e salteado, certo? Mas, como em todas as regras e caminhadas, há desvios. Há acidentes de percurso, há incompetência ou o agigantar de outras forças. O DN avança esta terça-feira que Marco Silva tem o lugar em xeque caso não termine no pódio, uma fórmula já usada outrora com Leonardo Jardim.

O campeonato está complicado, é preciso quase usar binóculos para ver o Benfica, que vai lá longe, noutras águas, a 12 pontos de distância. O FC Porto também fugiu, depois da vitória contra os leões no último domingo no Dragão. Marco Silva deu a entender que está difícil, mas recusa desistências precoces. A estratégia será à Simeone: “jogo a jogo”. Mas nesta equação surgiu um problema novo: o Sp. Braga de Sérgio Conceição está apenas a um ponto. O Observador decidiu então meter uma moeda na máquina do tempo e viajar até 1934, altura em que começou o Campeonato Nacional, que sucedeu ao Campeonato de Lisboa, para esmiuçar os números e entender quantas vezes o Sporting falhou o pódio. Foram 16 vezes, senhoras e senhores. Que tal puxar a fita atrás e recordar?

A primeira vez que o Sporting ficou fora dos três primeiros aconteceu em 1955/56, culpa do Belenenses de Matateu, que repetiria a brincadeira em mais duas ocasiões (1956/57 e 1958/59). O FC Porto, com Pedroto como jogador, foi campeão com 43 pontos. O Benfica de Otto Glória acabou na segunda posição (43), seguido pelo Belenenses (37). Esta foi a estreia dos leões foram da festa do G3.

Esta brincadeira só voltaria a acontecer, depois desses três desaires promovidos pelos homens do Restelo, em 1964/65. Benfica foi campeão, FC Porto terminou em segundo e a novidade do pódio foi o Grupo Desportivo da CUF. Os leões terminaram em quinto, atrás também dos jogadores que vestiam e vestem de preto: Académica.

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Como o Observador já referiu, esta coisa de o Sporting não ser um dos três grandes por um ano aconteceu em 16 ocasiões. A pior das memórias para os sportinguistas está ainda fresca. O sétimo lugar, o tal número fatal das lesões malditas, teve lugar em 2012/13. O Sporting conheceu quatro treinadores — Jesualdo, Vercauteren, Oceano, Sá Pinto — e terminou a 36 pontos do campeão FC Porto. Entre líder e desilusão com embrulho verde e branco ficaram Benfica, Paços de Ferreira, Sp. Braga, Estoril Praia e Rio Ave.

Recordemos, tim-tim por tim-tim, todos esses tropeções de gigante do Sporting.

1955/1956: FC Porto (43 pontos), Benfica (43), Belenenses (37), Sporting (36)

1956/57: Benfica (41), FC Porto (40), Belenenses (33), Sporting (31)

1958/59: FC Porto (41), Benfica (41), Belenenses (38), Sporting (31)

1964/65: Benfica (43), FC Porto (37), CUF (35), Académica (34), Sporting (32)

1966/67: Benfica (43), Académica (40), FC Porto (39), Sporting (30)

1968/69: Benfica (39), FC Porto (37), Vit. Guimarães (36), Vit. Setúbal (35), Sporting (30)

1972/73: Benfica (58), Belenenses (40), Vit. Setúbal (38), FC Porto (37), Sporting (37)

1975/76: Benfica (50), Boavista (48), Belenenses (40), FC Porto (39), Sporting (38)

1987/88: FC Porto (66), Benfica (51), Belenenses (48), Sporting (47)

1988/89: Benfica (63), FC Porto (56), Boavista (49), Sporting (45)

1991/92: FC Porto (56), Benfica (46), Boavista (44), Sporting (44)

1997/98: FC Porto (77), Benfica (68), Vit Guimarães (59), Sporting (56)

1998/99: FC Porto (79), Boavista (71), Benfica (65), Sporting (63)

2009/10: Benfica (76), Sp. Braga (71), FC Porto (68), Sporting (48)

2011/12: FC Porto (75), Benfica (69), Sp. Braga (62), Sporting (59)

2012/13: FC Porto (78), Benfica (77), Paços Ferreira (54), Sp. Braga (52), Estoril (45), Rio Ave (42), Sporting (42)