O parlamento foi unânime no lamento sobre o estado de degradação da Escola de Música do Conservatório Nacional, com a oposição a criticar a falta de intervenção do Governo.
O tema foi levado ao plenário da Assembleia da República numa declaração política da bancada do PCP, com a deputada Rita Rato a considerar que “as condições absolutamente degradantes” em que funciona o Conservatório é o exemplo cabal de como sucessivos governos e agora o executivo atual PSD/CDS-PP “destrataram o património público, a cultura, a educação, o país e, em particular, o ensino artístico”.
“As únicas obras de fundo terão sido feitas nos anos 40 do século passado, nesta escola que cumprirá os seus 180 anos no próximo dia 5 de maio”, lembrou a deputada comunista, enfatizando a “situação de gravidade inaceitável” em que se encontra edifício e que já originou o encerramento temporário de várias salas de aula.
Contudo, acrescentou, apesar da situação de degradação do edifício já se arrastar há anos, o anterior Governo PS não realizou as obras necessárias, tal como o atual executivo de maioria PSD/CDS-PP não o fez.
Na resposta, a deputada do PS Gabriela Canavilhas, antiga ministra da cultura do Governo socialista de José Sócrates e que dá aulas no Conservatório há mais de 25 anos, lembrou que as obras chegaram a estar previstas no âmbito do programa de reabilitação do Parque Escolar.
Contudo, acrescentou, dado a intervenção de fundo que é necessária e o facto de se tratar de um edifício com um elevado interesse patrimonial, as obras acabaram não se concretizaram no âmbito deste programa.
A deputada do CDS-PP Inês Teotónio Pereira recordou também essa questão, lamentando que as “obras megalómanas” realizadas no âmbito do programa Parque Escolar “tenham dado para tudo menos para o Conservatório”.
“Perdeu-se uma excelente oportunidade”, criticou a deputada do CDS-PP, que notou que o problema não surgiu com o atual Governo, já que o Conservatório não tem obras estruturais desde há 70 anos.
Pelo PSD, a deputada Ana Sofia Bettencourt fez referência a uma deliberação tomada por unanimidade pela câmara municipal de Lisboa para que a autarquia acompanhasse o caso. Porém, acrescentou, até agora nada foi feito.
“PSD e CDS não assumem responsabilidades, não podem continuar apenas a protestar contra os Governos passados”, acusou por sua vez a deputada do BE Catarina Martins, corroborada por Rita Rato que criticou “o passa culpas entre PSD, PSD e CDS que não resolve nada”.