A Fundação Ilídio Pinho consta na lista de clientes da filial suiça do banco HSBC até 2007, divulgada pela TVI. Na quinta-feira, este canal de televisão noticiou que existiam 137 clientes portugueses naquele banco na Suiça e que um deles era uma fundação de direito privado com sede no Porto e com ligações a um ex-ministro e atual deputado. A conta teria pouco mais do que mil euros.

Esse cliente é a Fundação Ilídio Pinho e o ex-ministro referido é o deputado Couto dos Santos, que no site desta entidade aparece como membro do conselho de administração, conselho superior e comissão executiva.

Contactada pelo Observador, a Fundação Ilídio Pinho confirmou que “teve uma conta no HSBC na Suiça que encerrou no ano de 2007 como consta no relatório de contas”, mas João Carvalho, da direção, não respondeu às questões sobre quando e por que razão a fundação resolveu abrir uma conta na filial suiça daquele banco.

Couto dos Santos, por seu lado, declarou ao Observador já não estar na direção da fundação “há dois anos”, sendo apenas consultor para o projeto “Ciência na Escola”, e afirmou “desconhecer” qualquer informação relacionada com uma conta no HSBC.

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A Fundação Ilídio Pinho, instituição de utilidade pública sem fins lucrativos, foi criada em 2000, numa cerimónia de assinatura de escritura presidida por António Guterres e o ministro das Finanças e da Economia, Joaquim Pina Moura.

O empresário do Porto orientou a Fundação para o apoio à investigação científica e tecnológica. «É o meu desejo visionário que esta fundação seja de facto um instrumento de grande utilidade para Portugal», disse na cerimónia de constituição.

Ilídio Pinho foi também o último patrão de Pedro Passos Coelho antes deste ser eleito primeiro-ministro em 2011 pois era presidente da Fomentinvest, a holding gerida por Ângelo Correia na altura e que hoje está entregue a Couto dos Santos.

O empresário de Vale de Cambra é também um dos habituais financiadores de partidos ou candidatos. É frequente o seu nome aparecer nas listas de doadores de donativos nas eleições legislativas (apoiando quer PS, quer PSD) e das presidenciais (foi um dos financiadores da campanha do atual Presidente da República).

Segundo a TVI, a conta de um cliente português que tinha mais dinheiro – quase 144 milhões de euros –, era de um banco nacional. Uma das que tinha menos era a fundação de direito privado do Porto.

A sucursal suiça do banco britânico HSBC terá ajudado vários clientes a fugir ao fisco ou a branquear capitais. O banco HSBC já reconheceu falhas da sucursal suíça, lembrando que aquela sucursal fez “uma transformação radical em 2008 para evitar que os seus serviços sejam utilizados para defraudar o fisco ou para a lavagem de dinheiro”. De qualquer forma, nem todos os clientes do HSBC depositaram dinheiro de forma ilegal.

Segundo a investigação da TVI, um dos clientes portugueses era uma funcionária da Inspeção-Geral de Finanças, Filomena Martinho Bacelar. O Ministério das Finanças já decidiu a abertura de inquérito.