A agência Moody’s deverá esta semana manter o rating de Portugal inalterado em “investimento especulativo” (vulgo, lixo), antecipa o Commerzbank. O banco alemão acredita que, com as eleições legislativas à vista e com a incerteza na Grécia – um risco que está a preocupar a Moody’s – no máximo Portugal poderá receber uma alteração favorável da perspetiva do rating.
Pedro Passos Coelho disse no final de março que era “pouco provável” que as agências de rating viessem a melhorar a notação de Portugal até às eleições, preferindo aguardar pelo ato eleitoral para aferir do prosseguimento do “caminho” de “consolidação orçamental” e “reformas estruturais“. A avaliar pela expectativa do Commerzbank, em nota de análise enviada aos clientes esta segunda-feira, o primeiro-ministro português verá esta sexta-feira a sua previsão confirmar-se, com a Moody’s a manter o rating em Ba1, um nível ainda considerado lixo, ou seja, que a agência recomenda aos investidores mais especulativos e não aos investidores mais conservadores e tradicionais.
“A aproximação às eleições legislativas do outono e o facto de que a perspetiva atual do rating é estável [em oposição a negativa ou positiva] são dois obstáculos internos que tornam improvável que o rating possa mover-se para investimento de qualidade nesta fase”, escreve o analista David Schnautz, em nota de análise.
Impacto de saída da Grécia “não deve ser subestimado”, diz a Moody’s
Um “mau augúrio” externo, nas palavras de David Schnautz, é o facto de a crise na Grécia continuar e o país ter visto a mesma agência Moody’s cortar o rating na semana passada. Um cenário que está a preocupar a agência de rating, que no último dia 30 de abril disse que “o impacto de uma saída da Grécia da zona euro não deve ser subestimado”.
“O impacto direto pode ser pequeno pelas ligações comerciais e financeiras limitadas entre a Grécia e o resto da zona euro”, reconheceu Alastair Wilson, diretor da Moody’s. “Mas a saída poderia causar, ainda assim, um choque de confiança que perturbaria os mercados internacionais de dívida”, avisa o especialista, alertando que pode subir o risco de que outros países possam, também, caminhar para o incumprimento na dívida pública e para a saída a união monetária.