O Grupo SATA terminou 2014 com um prejuízo de 35 milhões de euros, revelou nesta quarta-feira o presidente do conselho de administração da companhia aérea dos Açores, Luís Parreirão. Segundo os dados revelados por Luís Parreirão, a empresa fechou 2014 com um passivo de 162 milhões de euros, sendo 122 milhões respeitantes a dívida bancária de curto prazo.

Já as dívidas dos governos da República e Regional à empresa, ao abrigo dos contratos de prestação do serviço público de transporte aéreo de passageiros, ascendiam, no final do ano passado, a 63 milhões de euros, afirmou ainda o presidente da SATA, durante uma audição no parlamento dos Açores, em Ponta Delgada.

Em resposta a questões do PSD e do CDS, Luís Parreirão acrescentou que a dívida do Governo nacional à empresa é de 18 milhões de euros e a do executivo açoriano ascende a 45 milhões, havendo, neste último caso, pagamentos em falta desde 2012. Questionado pelo PCP, avançou que o Governo Regional saldou já este ano perto de 10 milhões de euros dessa dívida. Numa resposta ao PPM, remeteu para o executivo as explicações para o não pagamento das verbas em anos anteriores.

Luís Parreirão, que está a ser ouvido na comissão de inquérito sobre a situação financeira da SATA criada na Assembleia Legislativa dos Açores, explicou que as contas da SATA relativas a 2014 foram apuradas, seguindo, pela primeira vez, as regras internacionais de relato financeiro, de modo a dar-lhes mais transparência e credibilidade. Assim, afirmou que se as mesmas regras tivessem sido seguidas para as contas de 2013, os prejuízos da SATA nesse ano teriam sido 30 milhões de euros, sendo essa a comparação que deve ser feita com os resultados de 2014.

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Ao abrigo das regras seguidas anteriormente, o Grupo SATA apresentou prejuízos de 15,75 milhões de euros em 2013. Luís Parreirão atribuiu o agravamento dos maus resultados da empresa nos últimos seis a sete anos (o período em análise pelos deputados) à crise nos mercados de origem dos passageiros que viajam para os Açores, à duplicação do preço do petróleo, ao aumento das taxas de juro dos empréstimos que tinha junto da banca e à baixa das tarifas para a América do Norte, a que não correspondeu o aumento de procura esperado.

Segundo revelou, a companhia área está a negociar com dois bancos a reestruturação da sua dívida financeira, para a transformar em dívida de médio e longo prazo e assim reduzir os encargos que lhe estão associados.

Como estava já também anunciado no plano de negócios até 2020 que apresentou no início deste ano, a SATA vai reduzir as frotas de médio e longo curso e, disse hoje Luís Parreirão, está a negociar com duas empresas o aluguer de duas aeronaves para as rotas para a América do Norte, para substituírem os aviões em fim de vida com que opera atualmente. Estão também já a ser formadas as tripulações para os novos aviões.

Lembrando que estão em vigor, há um mês, novas regras nas ligações aéreas aos Açores, que liberalizaram algumas rotas e levaram à entrada de companhias ‘low cost’ no arquipélago, Parreirão considerou que, por tudo isto, 2015 é para a SATA “um verdadeiro ano zero”.

No entanto, “o trabalho só agora começa e este é um momento muito difícil” para a SATA, que enfrenta “um dos momentos mais complexos da sua história”, afirmou. “Situação ultrapassável, com um grande foco na sua atividade ‘core’ e assumindo que o palco da SATA não é, definitivamente, o palco da política”, acrescentou, tendo repetido esta frase por diversas vezes nas respostas que deu aos deputados.