Blusas de manga curta, óculos de sol, leques para afastar o calor e a busca incessante por uma sombra: nos últimos dias o país tem atravessado temperaturas dignas de qualquer tarde de julho ou agosto. Mas de onde veio todo este calor anormal para o mês de maio?

De acordo com Madalena Rodrigues, do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), as temperaturas que se têm registado são o resultado da “ação conjunta” de dois fenómenos meteorológicos. O primeiro é um anticiclone localizado no interior da Europa – um centro de altas pressões que normalmente se associa ao tempo estival. Ora, esse anticiclone funciona como uma vassoura gigante que arrasta para Portugal o ar quente.

O segundo trata-se de um vale depressionário existente no norte de África – desta vez, um centro de baixas pressões, que também envia para cá as temperaturas mais altas.

A existência destes dois eventos resulta na criação de uma massa de ar muito quente e seco que se abateu sobre a Península Ibérica. E assim ficámos sob um calor “muito acima da média” para a época, principalmente no interior sul do país, que está com alerta amarelo, com as máximas acima dos 35 graus.

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Previsões meteorológicas para a tarde desta terça-feira. Captura de ecrã do site do Instituto Português do Mar e Atmosfera.

Mas estaremos nós a atravessar uma onda de calor? O IPMA diz que não: do ponto de vista meteorológico, uma onda de calor só existe quando as temperaturas estão seis graus acima da média durante pelo menos seis dias consecutivos.

Já vamos em dois dias de calor, com a possibilidade de termos o dia mais quente de sempre no mês de maio esta quarta-feira, 13 – sendo que o estudo das temperaturas médias pelo IPMA é recalculado a cada trinta anos. Mas este sol é de pouca dura: quinta-feira, 14 de maio, teremos uma “descida acentuada da temperatura” por causa da entrada de “ar marítimo e de vento noroeste” (muito vento, fica o aviso) para o continente. Por isso há dias quentes, mas não onda de calor.

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Previsões meteorológicas para quinta-feira, quando se espera uma descida da temperatura, mas com uma probabilidade muito baixa de precipitação. Captura de ecrã do site do Instituto Português do Mar e Atmosfera.

Mas o frio não volta para ficar. “Este fim de semana promete ser um daqueles de praia”, conta Madalena Rodrigues. É que voltaremos a assistir a uma subida significativa das temperaturas a partir de sábado com o termómetro a voltar a subir acima dos 30 graus em grande parte do país.

Mas por que razão os açorianos não são brindados com estas temperaturas e até estão em alerta amarelo, mas sim devido à chuva? Porque os arquipélagos estão sempre sujeitos às “brisas marítimas” que condicionam as temperaturas, que apenas é amenizada quando o vento vem de leste.