O cardeal-patriarca de Lisboa disse que episódios como o da agressão a um jovem por outros jovens, na Figueira da Foz, apelam para uma maior responsabilização da sociedade que evite estas situações.

Questionado sobre este caso pela agência Lusa à margem da apresentação da aplicação para telemóveis “Missas em Lisboa”, Manuel Clemente falou da necessidade de uma “maior responsabilidade como sociedade” e de ativar “tudo aquilo que é preciso para que as pessoas, a começar pelos mais jovens, não se sintam sós e sejam devidamente acompanhados”.

O cardeal-patriarca de Lisboa que, durante a sessão, comentou a mensagem do papa Francisco para o Dia das Comunicações Sociais, que se assinala no domingo, lembrou que estes casos “têm a ver com a família, tem a ver com a escola e com a comunidade em geral”.

“Tudo isto são apelos a uma maior responsabilização de nós todos e temos que estar presentes para que estas coisas se evitem”, sublinhou.

Um vídeo que mostra duas adolescentes a agredir um rapaz, na Figueira da Foz, ao longo de 13 minutos e perante a passividade de outros jovens, foi divulgado esta semana nas redes sociais, gerando uma onda de indignação e levando dezenas de pessoas a exigirem a intervenção das autoridades.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Ministério Público (MP) abriu, entretanto, um inquérito tutelar educativo aos agressores menores e está a investigar as agressões e a divulgação das imagens.

Durante o comentário à mensagem do papa Francisco, que tem como tema a família como local privilegiado de comunicação, Manuel Clemente destacou que, nesta mensagem, o pontífice reconhece que “existe uma crise do compromisso comunitário”.

“Nunca como hoje tivemos oportunidade para ser mais comunidade, para participarmos mais empenhadamente em causas comuns e, pelo contrário, a comunidade internacional é pouco comunidade […]. Hoje vemos e sabemos, como nunca soubemos, tudo o que acontece pelo mundo […]mas, no entanto, para dar uma resposta, demoramos. Temos meios para o fazer, temos informação, temos conhecimento, mas depois não somos práticos na resposta”, disse.

Manuel Clemente citou, neste contexto, as tragédias causadas pelo sismo no Nepal e pelos naufrágios no mar Mediterrâneo.

Para o cardeal-patriarca de Lisboa, esta mensagem liga os temas da família, das comunicações sociais e de “uma sociedade que precisa de se reencontrar como comunidade”.

“A família é um lugar onde aprendemos a interessar-nos afetivamente uns pelos outros. É preciso que gostemos das pessoas ao ponto de estarmos motivados para resolver os problemas. E isso, diz o papa, aprende-se. O local por excelência da aprendizagem desse interesse mútuo é a família”, disse.

Por isso, defendeu, todo o “reforço que pudermos dar à família […] redunda em benefício da sociedade”.