O governador do Banco de Portugal considera que a alteração na liderança no Montepio vai “no bom sentido” e acrescentou que o comunicado desta terça-feira “correspondeu àquilo que lhe pedimos”, quando questionado sobre as mudanças na Caixa Económica. Quando questionado sobre a solidez do Montepio, Carlos Costa revelou os dados dos rácios para garantir que estão acima do que é pedido.
Carlos Costa está a ser ouvido na comissões parlamentar de Orçamento e Finanças, mas foi parco nas palavras sobre a situação no Montepio. Depois de algumas perguntas sobre o caso, o governador apenas disse que “o comunicado de ontem e a decisão que acabo de ver comunicada [substituição na liderança], mostram muito bem qual a decisão do Banco de Portugal no reforço do modelo de governance”.
O governador referia-se ao comunicado emitido pela instituição em que revelava a alteração dos estatutos da caixa económica no sentido de reforçar a independência de gestão do banco em relação à associação mutualista que é dona do Montepio. É na sequência dessas alterações, que ainda têm de ser homologadas na assembleia geral da associação mutualista, que o Montepio vai mudar de presidente. Tomás Correia será substituído, ao que tudo indica, pelo atual presidente executivo da Inapa, José Félix Morgado.
Quando questionado sobre se pode dar garantias que o Montepio é sólido, Carlos Costa revelou os dados dos rácios para garantir que estão acima do que é pedido: “A Caixa Económica tem um rácio de 8,6% para o mínimo de seis e de 8,7% para o mínimo de sete”.
Questionado ainda sobre os resultados da auditoria do Banco de Portugal ao Montepio, cujas conclusões foram parcialmente reveladas pelo presidente da instituição, o governador confirma a interpretação de Tomás Correia de que se trata de uma auditoria especial, como está descrita na lei, e não forense como o próprio Carlos Costa a classificou no Parlamento quando foi interrogado no Verão passado sobre o Banco Espírito Santo. Mas não revelou quais as conclusões tiradas pelo Banco de Portugal. Tomás Correia reconheceu erros, que estavam a ser corrigidos, mas negou a existência de irregularidades.
Antes, Carlos Costa tinha falado geralmente sobre como atua o Banco de Portugal, dizendo que tem de ter cuidado na gestão estratégica por ter de manter a estabilidade do sistema financeiro. A resposta era sobre o caso do BES, mas alarga-se a atuações gerais:”O BdP nunca se pronuncia sobre nenhuma instituição. Age e depois comunica. Foi o aconteceu na resolução: agiu e depois comunicou. (…). O fácil é lançar o petardo e virar as costas. O dificil é gerir a situação não lançar o petardo e não virar as costas. O fácil era no dia da resolução, ter anunciado a resolução, e dito: agora vou-me embora. Os trabalhos difíceis foram depois. O difícil é segurar as pontas”.