Os senadores dos EUA Robert Menendez e John McCain pediram ao congresso da FIFA para reconsiderar o seu apoio ao presidente Sepp Blatter devido ao seu apoio ao Mundial de futebol de 2018 na Rússia.

“Há muito tempo que estou preocupado com a escolha da Rússia pela FIFA e as notícias de hoje apenas sublinham a necessidade de eleger um presidente que não somente apoie os valores da FIFA, mas que assegure que a FIFA não recompense países que não apoiam esses valores”, disse o senador Menendez, do estado de Nova Jérsia, numa nota enviada à agência Lusa.

Na carta enviada ao congresso do organismo máximo do futebol ao nível mundial, que é também assinada pelo ex-candidato presidencial John McCain, Menendez critica a escolha da Rússia, “apesar das constantes violações da integridade territorial da Ucrânia e as outras ameaças a arquitetura de segurança do pós II Guerra Mundial.”

A missiva foi divulgada no dia em que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da FIFA, acusando-os de conspiração e corrupção nos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de 151 milhões de dólares (quase 140 milhões de euros).

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Entre os acusados estão dois vice-presidentes da FIFA, o uruguaio Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, das Ilhas Caimão e que é também presidente da CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas), assim como o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol).

“Dadas as violações da integridade territorial da Ucrânia, os esforços de Putin para minar princípios de cooperação multilateral, normas partilhadas e acordos internacionais, acreditamos que permitir que a Rússia receba o Mundial vai apoiar o regime de Putin numa altura em que ele deve ser condenado”, escreveram os dois senadores na carta enviada terça-feira, antes das detenções serem conhecidas.

Menendez e McCain lembram ainda que mais de 40 países, todos membros da FIFA, impuseram sanções a Rússia.

“Ao permitirem que [o país] receba a competição, vão oferecer um salva-vidas económico que contraria as sanções multilaterais impostas pela comunidade internacional”, acrescenta a missiva.

Desde o anúncio das detenções, a FIFA anunciou a suspensão provisória de 11 pessoas: os nove dirigentes ou ex-dirigentes indiciados e ainda Daryll Warner, filho de Jack Warner, e Chuck Blazer, antigo homem forte do futebol dos Estados Unidos, ex-membro do Comité Executivo da FIFA e alegado informador da procuradoria norte-americana, que já esteve suspenso por fraude.

O diretor de comunicação assegurou ainda que decorrerá, como previsto, o congresso eleitoral de sexta-feira, no qual Blatter concorre a novo mandato, contra o jordano Ali bin al Hussein, também vice-presidente da FIFA.

Na carta, Menendez e McCain defendem que “o próximo presidente da FIFA tem a responsabilidade de assegurar, não apenas o sucesso e segurança do mundial de 2018, mas também a permanência da missão da FIFA de promover o futebol globalmente de forma a unir os seus valores educacionais, culturais e humanitários.”

“Encorajamos fortemente a eleição de um presidente que apoie estes valores e negue ao regime de Putin o privilégio de receber o Mundial de 2018”, concluem os senadores.