O Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, foi entregue a título definitivo à Universidade de Lisboa, que ficará responsável pela sua manutenção, anunciou hoje o ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva.
“Julgo que nem os habitantes de Lisboa, nem os portugueses em geral, nem sequer aqueles que nos visitam encaram de uma forma aceitável o que aconteceu nos últimos 17 anos. A Expo 98 terminou e este pavilhão, com tudo o que representa para a arquitetura portuguesa e do ponto de vista patrimonial, não tinha destino” disse o ministro aos jornalistas após a inauguração do Centro Interpretativo do Parque das Nações, instalado numa das salas do Pavilhão de Portugal.
Segundo Jorge Moreira da Silva, o Pavilhão de Portugal “passa a fazer parte do património da Universidade de Lisboa”, sendo esta uma solução “definitiva”, caso sejam respeitadas as condições do protocolo assinado entre Governo e aquela instituição.
Para o ministro, esta decisão do Governo não se resume apenas “à transferência de um imóvel para a Universidade de Lisboa”, mas trata-se igualmente de “uma boa solução” para a divulgação da cultura e da ciência em geral.
“É um processo que define responsabilidades num contexto de grande ambição, em que, além de todo o papel que a Universidade de Lisboa tem, tão relevante do ponto de vista nacional e internacional, passará a ter uma responsabilidade adicional de alocar cerca de 1200m2 deste pavilhão à promoção da cultura e da ciência, para benefício e visitação de todos na área da arquitetura, das cidades, do ambiente, da energia e da lusofonia”, frisou Jorge Moreira da Silva.
Ao lado do ministro, o reitor da Universidade de Lisboa prometeu para o Pavilhão de Portugal “uma atividade muito intensa” em áreas como a educação, a investigação científica, a promoção de conhecimento e a passagem para a sociedade do trabalho que é desenvolvido pela Universidade de Lisboa.
“Vamos ter uma dinamização cultural permanente, um espaço expositivo, ensino e serviços da Universidade de Lisboa. Vamos ter esta zona dinamizada, o pavilhão cheio de gente e vamos, seguramente, dar uma boa utilização àquilo que é um edifício emblemático, de que todos nos orgulhamos, e que dificilmente aceitaríamos que estivesse parado como esteve durante estes anos ou que fosse parar a mãos estrangeiras”, sublinhou António Cruz Serra.
A impossibilidade de a Universidade de Lisboa entregar o Pavilhão de Portugal a terceiros e ficar responsável pela sua manutenção são duas das condições estipuladas no protocolo.
Questionado pelos jornalistas sobre os custos que a manutenção do Pavilhão de Portugal acarretará para a Universidade de Lisboa, o reitor optou por não revelar valores.
“O pavilhão tem um custo de manutenção que é apreciável e precisa de alguma remodelação. A nossa intenção é que o pavilhão possa ser praticamente autossustentável, e naturalmente que serão concessionadas algumas zonas para apoio às atividades, e das quais resultarão receitas que permitirão manter o pavilhão. E haverá muita atividade que aqui se realiza que terá custos para os utilizadores, outra não”, afirmou Cruz Serra.
O reitor disse ainda contar com a colaboração do arquiteto Siza Vieira — que projetou o Pavilhão de Portugal — para a remodelação possível e necessária, a qual prevê, numa primeira fase, a construção de um anfiteatro com “algumas centenas de lugares”.
Na terça-feira passada, a Parque Expo, empresa pública em liquidação criada para gerir a Expo’98, anunciou que entregou em dação ao Estado o Pavilhão de Portugal e a Praça Cerimonial para pagar parte da sua dívida.
Em comunicado hoje divulgado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Parque Expo informa que a operação foi feita por quase 13 milhões de euros e que a dação se destina “à regularização parcial da dívida perante o Estado”.