Quantas vezes já não se viu na situação “tanta roupa e nada para vestir”? Se é verdade que as mulheres têm muita roupa, também será verdade que falta sempre alguma coisa. A solução? Ir comprar mais. Mas depois de tanta aquisição desenfreada, a maioria acaba por usar apenas 20 por cento daquilo que tem no armário.

A pensar no consumo excessivo de roupa, quatro mulheres criaram, em Amesterdão, a LENA, uma Fashion Library onde pode ir buscar peças de vestuário tal como vai buscar livros a uma biblioteca. Uma das fundadoras do espaço, Suzanne Smulders, disse à ecouterre que só na Holanda são deitados fora 240 milhões de quilos de roupa por ano e que é urgente alertar as pessoas para esta situação.

Os clientes deslocam-se ao espaço, escolhem as peças que gostam e podem usufruir delas ao longo de cinco dias. Findo esse tempo retornam à LENA e trocam por outras peças à escolha — assim não se fartam da roupa nem acabam por deitá-la fora passado uns anos, além de ser uma excelente maneira de andar sempre com visuais diferentes. À disposição dos clientes há peças vintage, de novos criadores e até roupa ecológica que pode ser trocada as vezes que quiser.

Suzanne Smulders salienta que “mesmo que as marcas comecem a usar materiais ecológicos, o objetivo continuará a ser vender o mais possível”, acrescentando que “o consumo excessivo é um dos maiores problemas da indústria da moda, que deveria focar-se mais na qualidade de forma a produzir produtos mais duradouros que todos possamos partilhar”.

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Além da partilha, a LENA procura consciencializar as pessoas para a forma como tratam e lavam a sua roupa. A marca colabora com a AEG, por acreditar que são as máquinas que usam menos energia, e as peças que estão disponíveis aos clientes são lavadas com detergentes naturais, porque este tratamento aumenta a “esperança média de vida” dos tecidos.

Apesar de esta não ser a primeira ideia do género, não deixa de ser boa e eficiente. A LENA procura ter um impacto positivo nas pessoas e na indústria, bem como tornar a moda numa coisa divertida. As peças que por lá se encontram são únicas e as pessoas acabam por vivê-las verdadeiramente já que só podem usá-las uma vez ou duas. No entanto, se se apaixonar perdidamente por uma peça e não se conseguir desfazer dela, tem a opção de compra.

O que tem de fazer caso viva em Amesterdão? Registar-se no site e escolher uma subscrição com um número de pontos. Os pontos são atribuídos de acordo com a exclusividade, o estilo e a qualidade das peças. Caso escolha a subscrição mais baixa, a de 100 pontos, poderá fazer qualquer combinação que queira dentro desses pontos, por exemplo 25+25+50=100 (e usufrui de três peças). E ainda tem direito a um cartão de biblioteca sem ser acusada de ser nerd. Os preços variam consoante a subscrição e vão dos 19,95 aos 49,95 euros por mês. Quem quiser pode trocar peças que tenha em casa por outras da loja, bem como vender artigos que já não use, desde que estejam bem tratados e sejam de mulher, é claro.

Apesar de esta biblioteca estar situada em Amesterdão, não fossem as suas criadoras holandesas, Angela Jansen diz que “o seu sonho é ter uma em todas as grandes cidades”. Esperemos que se concretize e que Lisboa esteja incluída no rol.