Imagine que uma peça do seu carro precisa de substituição. A solução mais comum — e mais dispendiosa — será, talvez, adquirir o componente na marca de origem da viatura. Mas… e se pudesse imprimi-lo numa impressora 3D?
Essa é uma das tecnologias que a companhia aérea EasyJet está a explorar e que apresentou esta quinta-feira aos jornalistas, na segunda edição do “Innovation Day”, no aeroporto de Malpensa, em Milão. E as possibilidades parecem ser imensas.
Atualmente, a transportadora já consegue imprimir componentes complexos e articulados, sem a necessidade de criar os vários elementos em separado. Esses objetos podem mesmo ser peças para substituição dentro da cabine do avião, algo que a companhia já faz — como braços dos assentos, mesas e persianas das janelas.
Há também outra novidade: a EasyJet — em conjunto com vários parceiros — já imprime peças metálicas em titânio. É o caso das pás dos motores dos aviões ou injetores de combustível. Segundo Ian Davies, chefe de engenharia da transportadora, estas tecnologias permitem “reduzir os custos para manter as tarifas baixas”, mas a companhia ainda não tem autorização para usar certos componentes imprimidos na frota que dispõe.
Sistema RISER será usado já em 2016
Apresentado ao público na edição do ano passado em Luton, no Reino Unido, o sistema de inspeção RISER ainda não é verdadeiramente aplicado nos hangares da EasyJet. Trata-se de um drone capaz de gerar imagens computorizadas do ambiente envolvente, a três dimensões. Possui uma estrutura base fabricada em carbono e uma parte superior composta por pequenos módulos de esferovite — que podem ser facilmente substituídos e encaixados, como num puzzle. Tem também um sistema de lasers e pesa pouco mais de três quilos.
A principal função do RISER será a de apoiar na inspeção da integridade estrutural da frota de aviões da EasyJet. O drone sobrevoa o aparelho e gera um modelo a três dimensões, usado depois pelos engenheiros para detetar eventuais problemas que careçam de manutenção.
Mas nem tudo é perfeito. Embora tenham sido feitos progressos com este novo sistema, o drone ainda não é completamente autónomo, sendo esta uma das principais limitações que os técnicos querem superar. Espera-se que o RISER consiga fazer voos em torno dos aviões, dentro do hangar, sem recurso a ferramentas de navegação e sem necessidade de ser operado por um humano.
Yoge Patel, CEO da Blue Bear — uma das empresas parceiras da EasyJet neste projeto — explicou que o RISER não será só aplicado à indústria da aviação.”Também pode ser usado para inspecionar navios, edifícios, estruturas e outros veículos”. Por isso, a companhia aérea quer ver este sistema a funcionar em pleno até ao final de 2016, até porque permitirá que as inspeções decorram “em apenas algumas horas”, algo que “normalmente demoraria mais de um dia”.
Realidade virtual e Wi-Fi a bordo
A companhia aérea pretende também utilizar óculos de realidade virtual para complementar a formação dos tripulantes de cabine. A tecnologia simula o interior do avião e permite uma navegação virtual pelo cenário, com uma vista dinâmica a 360 graus.
Com ela, os tripulantes poderão praticar a interação com passageiros virtuais, através da simulação de diversas situações no ambiente virtual gerado pelos óculos. Além disso, estes aparelhos ajudarão no desenvolvimento de novas apps a serem usadas durante os voos. Em nota de imprensa, a companhia faz mesmo referência a um sistema que permite aos tripulantes enviarem uma notificação push, em tempo real, para o Controlo de Operações e Manutenção da EasyJet, caso identifiquem algum problema na cabine que necessite de reparação.
Um outro assunto que tem suscitado o interesse dos passageiros reside na inexistência de internet sem fios nos aviões. Em conferência de imprensa, confrontado com esta ideia, um responsável da companhia aérea admitiu que há intenções de incluir internet Wi-Fi a bordo, mas sem adiantar mais pormenores ou prazos para tal.
A EasyJet aproveitou também o “Innovation Day” para apresentar uma versão redesenhada da app da companhia para iOS — a ser lançada em breve –, bem como uma app para Apple Watch que está disponível desde o passado dia 24 de abril.
(Editado por Diogo Queiroz de Andrade)