Era suposto que um Europeu com entrada barrada a maiores de 21 anos (salvo raras exceções) estivesse cheio de jogadores ainda a apalparem terreno no futebol, não? Talvez. Mas cada vez é menos assim e esta tendência é mais do que um sinal dos tempos — é uma evidência. Olhar para as idades é algo que já não assiste aos clubes. Jogam os melhores, ponto final, e por isso é que grande parte dos miúdos que estão na República Checa já sabem bem o que é jogar em equipas das boas. Basta olhar para Portugal e ver que por lá anda muita gente que esta época jogou na Liga dos Campeões.

O problema, para os portugueses, claro está, é que não têm a única seleção com miúdos cheios de experiência precoce. É como diz o ditado: olho por olho, dente por dente. Se Portugal tem William Carvalho, um matulão com muito jeito para tratar bem a bola que a seleção principal emprestou aos sub-21, a Itália tem Domenico Berardi, um avançado que vai em dois anos a marcar (16 golos em 37 jogos) e fintar no Sassuolo, tanto que a Juventus já o caçou. Se nós atiramos com Bernardo Silva, o médio mascarado de extremo que Leonardo Jardim fez rebentar no Mónaco, a Inglaterra, por exemplo, responde com Harry Kane, a besta de avançado que adora golos (40 em 63 jogos) e rebentou esta temporada no Tottenham.

E se ainda quisermos falar de João Mário, o homem com pézinhos de lã do Sporting, a Suécia puxa a conversa para John Guidetti, avançado cheio de técnica nos pés que o Manchester City se tem fartado de emprestar a outros clubes, como o Celtic, onde passou o último ano. Podíamos continuar nesta lengalenga, porque isto da Internet não tem limite e teríamos espaço para obrigar a fazer scroll, mas já terá percebido a ideia — a seleção nacional calhou no mesmo grupo com italianos, ingleses e suecos. Não será nada fácil sair de lá para aterrar nas meias-finais deste Europeu, que se joga na República Checa a partir desta quarta-feira e até 30 de junho.

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Os dois primeiros de cada grupo sobrevivem e, mais do que passarem à fase seguinte, garantem a qualificação para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. É isso que está na cabeça de Rui Jorge, o selecionador, como admitiu ao Observador na passada semana, em Rio Maior, antes de a equipa se enfiar num avião e partir para Uherské Hradiště, nome da cidade onde pousou as malas.

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No outro grupo estão a Alemanha, a Dinamarca, a Sérvia e a anfitriã, a República Checa. Aqui também há talento de sobra: os germânicos têm Marc-André Ter-Stegen, o homem que guardou a baliza do Barça na Liga dos Campeões, nos dinamarqueses há Pierre-Emile Höjbjerg, o pequeno tanque do Bayern em quem Pep Guardiola vê gasolina que chegue para ser um dos melhores nos anos que aí vêm, e os checos, mais modestos, têm Vaclav Kadlec, avançado de quem se espera muito. O primeiro jogo arranca às 17h desta quarta-feira, entre a República Checa e a Dinamarca (SportTV1).

Há muitos e bons nomes neste Europeu de sub-21. Como muitos deles são portugueses, será difícil refilar com quem esteja à espera que a seleção nacional faça um brilharete neste campeonato. Rui Jorge bem tem apelado à cautela, mas, mesmo que não lhe chamem Geração de Ouro, há qualidade de sobra para tentar igualar o feito que Luís Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto e companhia conseguiram em 1994 — chegar à final. Aí perderam com a Itália, país que já conquistou esta prova cinco vezes. Foi o melhor que Portugal fez e o problema é que já foi há muito tempo.

Nesta edição a seleção até tem o mais novo (Rúben Neves, 18 anos) e o mais velho (Paulo Oliveira, 23 anos) da competição. Querem mais? Pode ser que seja desta que os sub-21 voltam a dar nas vistas.