Chamar-lhe só de luta é errado e mais errado será se a virmos como uma dança. É mais uma mistura entre as duas coisas, uma mescla entre exibição e combate, que até pode colocar armas nas mãos dos praticantes. Isto é o resumo do wushu, palavra que, em chinês, significa literalmente “arte marcial”. É uma das oito modalidades que, em 2020, poderão dar novidades aos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão. Porquê? O Comité Olímpico Internacional (COI) revelou esta segunda-feira as oito novas modalidades candidatas a integrarem a edição de 2020 das olimpíadas. E o wushu, que até tem influências em artes marciais japonesas, é uma das que deseja ser a tal que, a cada edição dos Jogos, o país organizador escolhe para atrair o público local. As outras candidatas que se cuidem, portanto.

Porque o wushu — que também é referido como kung-fu, segundo a federação que rege a modalidade –, mesmo não sendo japonesa, é uma modalidade que tem dado uns quantos pulos de popularidade nos últimos anos, sobretudo no continente asiático. O wushu congrega várias variantes de artes marciais criadas na China e, em competição, divide-se por duas vertentes: a Taolu, que é a parte da exibição, e a Sanda, a parte de combate.

Esta como as outras sete candidatas têm até 22 de julho para entregarem ao COI os argumentos finais para serem aceites como modalidade olímpica. Em setembro, as federações dos oito desportos reúnem com o comité e, depois, terão de esperar até agosto de 2016 pela decisão final da entidade. Ainda falta muito, portanto, para se saber qual, ou quais, serão as modalidades que em 2020 vão passar a ganhar medalhas nos Jogos Olímpicos.

Até lá, há mais que tempo para as conhecer melhor. Eis as outras modalidades que conseguiram ser escolhidas entre as 26 que, inicialmente, se candidataram ao COI — de fora ficaram desportos como o sumo, o snooker, o xadrez ou o bridge. Na próxima edição dos Jogos Olímpicos, que será no Rio de Janeiro, em 2016, o râguebi e o golfe serão as novidades.

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As outras sete pretendentes

Surf. Andar em pé em cima de uma prancha e a deslizar sobre uma onda é algo que Portugal sabe bem o que é. Há seis anos seguidos que Peniche acolhe uma etapa do circuito mundial de surf e houve um português, Tiago Pires — com quem o Observador já esteve à conversa –, que lá andou competir entre 2008 e 2014. A International Surf Association (ISA) defende que o surf atual é “uma mistura única e moderna entre estilo, cultura e performance de alta competição” que devia integrar as modalidades olímpicas.

https://www.youtube.com/watch?v=5RCODLNMWdI

Bowling. Em Portugal é mais comum vê-lo em centros comerciais, para quem o queira praticar como lazer, mas o bowling é coisa séria. Tanto que a sua federação internacional, escreve a BBC, conseguiu reunir perto de um milhão de assinaturas japonesas em apoio da candidatura. “O bowling é um desporto verdadeiramente global. O Japão tem uma grande comunidade de bowling e temos o seu apoio total nesta caminhada. Este é o tempo do bowling”, defendeu a federação internacional da modalidade, quando submeteu a candidatura. Vamos lá ver como corre.

https://www.youtube.com/watch?v=gccX2UQBpNU

Karaté. Mais uma arte marcial. Esta vem do Japão e mistura pontapés, socos, joelhadas e bofetadas com manobras de projeção do adversário. Esta modalidade também nunca esteve nos Jogos Olímpicos e, na sua génese, absorveu muitas influências de artes marciais chinesas, e isto poderá jogar a seu favor quando o COI deliberar sobre a sua candidatura. A entidade que rege a modalidade até criou petições online em várias línguas para recolher apoio para a tentativa de integrar os Jogos Olímpicos — o karate, aliás, já esteve nos Jogos Europeus que ainda estão a decorrer em Baku, no Azerbaijão.

Squash. Está-se dentro de uma sala, com uma raquete na mão, a bater uma bola contra as paredes. Sua-se muito e o ritmo é bem rápido. “O squash é um bom desporto gladiatório que é jogado em todo o mundo e estamos confiantes que pode trazer algo de especial [aos JO]”, disse o N. Ramachandran, presidente da Federação Mundial de Squash. A modalidade, indica a entidade, é praticada em 185 países.

Basebol/Softball. São duas modalidades distintas (a segunda é uma variante da primeira), mas concorrem como uma só. A sorte poderá estar do seu lado, já que, a seguir aos EUA, o Japão é um dos países onde o basebol é mais praticado e seguido por quem não o pratica. Por lá é bastante popular e o problema, caso o COI lhe diga que sim, é convencer a liga norte-americana a mudar o calendário para permitir que os jogadores que alinham no melhor campeonato do mundo possam ir aos Jogos Olímpicos de Tóquio. Para já, a federação da modalidade sublinhou que é “uma honra tremenda” estar na corrida.

Patinagem. Pouco se sabe quais serão as modalidades a integrarem os Jogos Olímpicos de 2020 caso esta candidatura tenha sucesso. A Fédération Internationale Roller Sports manda sobre desportos como o hóquei em patins ou as corridas de patins em linha e, até ao momento, pouco se sabe sobre isto além do que está no comunicado com que a entidade agradeceu ao comité olímpico.

Escalada Desportiva. Tem uma vantagem: em 2014 o COI já escolheu a modalidade para fazer uma demonstração nos Jogos Olímpicos da Juventude, que decorreram em Nanjing, na China. A federação da modalidade era a única, na segunda-feira, que ainda não tinha reagido à inclusão no grupo das oito modalidades candidatas a integrar os Jogos Olímpicos.