Cada vez mais, os saldos são como as estações do ano: sem respeitar uma data de início fixa e com pressa de começar. Este ano não é exceção. Ainda antes de o novo ano arrancar, já lojas como a Women’Secret, Massimo Dutti e Bimba y Lola tinham penduradas nas montras as aguardadas placas de promoções. Hoje, dia 28 de dezembro, é a Zara a chamar por filas à porta. Mas antes de fazer o cartão multibanco deslizar mais vezes do que a barriga de um pinguim na Antártida, tenha em mente este plano de ataque:

1. Veja o que já tem em casa

Para quê ir a correr comprar uma camisa de ganga se já tem sete no roupeiro? Quem diz uma camisa de ganga diz um top às riscas ou uns sapatos com padrão de leopardo. Ponha uma ordem no caos que são as alturas de promoções e faça uma lista do que precisa antes de enfrentar as lojas. Isso mesmo, como se fosse material escolar, sendo que leva já uma negativa se ainda tiver etiquetas por cortar no armário.

2. Saiba quando deixar para amanhã o que pode comprar hoje

É uma dança com o tempo, e envolve algum gosto pelo risco. Por mais que as datas variem, uma coisa nos saldos é certa: têm sempre três fases. Nesta que agora se inicia, os descontos andam entre os 20 e os 50%, por isso é tempo de prioridades, isto é, de comprar aquilo que já está na wishlist há muito tempo. Se tiver espírito aventureiro, deixe algumas coisas para os segundos saldos, onde uma nova descida garante pelo menos 50% de desconto. Mas guarde alguma energia para a terceira fase, e não deixe de ver os dois cabides desarrumados que restam no meio das novas coleções impecavelmente expostas — há coisas que são devolvidas ou que resistem inexplicavelmente, com descidas na ordem dos 70%, quase dadas.

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3. Compare sempre etiquetas

Isto é válido em qualquer uma das fases, porque pode estar a achar que fez o negócio da sua vida quando na verdade o desconto equivale apenas a cinco cafés. Compare sempre os preços, nem que para isso tenha de ser um ninja das compras e sacar do telemóvel para conseguir essa informação na internet.

vestido montanhas BL

Vestido Bimba y Lola, 56€ (era 140€)

4. Entre no clube das vendas privadas

Se não pode mandar fechar uma loja para fazer compras sossegadamente, sobretudo nesta fase, em que há provadores com mais gente do que a praia de Carcavelos a um domingo, antecipe-se à confusão tornando-se amigo de algumas marcas. Muitas vezes basta subscrever uma newsletter ou fazer um cartão de cliente para ter acesso a vendas privadas ou receber códigos promocionais no e-mail antes do resto do mundo. Lojas como a Mango e a Furla fazem-no, e isso significa menos filas, menos confusão e muito mais por onde escolher.

5. Não seja básico, invista no que é intemporal

Pode parecer tudo sem graça no meio de padrões coloridos e formas abstratas, mas há uma coisa que nunca sai de moda: os básicos. Por básicos entenda-se um vestido preto, uma camisa branca, um blusão de pele escuro, umas calças de ganga de bom corte, um blazer e um trench coat. Está a ver a lista do início, como a do manual escolar? Se ainda não os tiver, pode pôr lá estes artigos.

blusão pele saldos HM

Blusão de pele H&M (homem), 98,99€ (era 199€),

5. Experimente sempre

As filas pedem o contrário, mas a não ser que esteja a fazer compras online, experimente sempre aquilo que está a pensar levar. E nem pensar em comprar dois números acima ou dois números abaixo, só porque quer mesmo mesmo mesmo uma peça. Não são os seus pés que estão inchados nem o botão que está no sítio errado — não serve. E se não serve, não vai para casa.

6. Tenha um olho no futuro

Mais do que encher os sacos com tendências atuais, tão atuais que daqui a um mês já ninguém quer saber delas, olhe para os desfiles de primavera-verão que já aconteceram há uns meses. Muitas vezes, há artigos da estação que passou que encaixam bem na próxima, por isso vale a pena estudar um bocadinho — e a Vogue Runway é um bom ponto de partida — e começar a preparar o pre-spring que se avizinha. Alguns exemplos do que aí vem? Vestidos românticos, padrões às riscas, blusões de estilo bomber, peças com brilhantes (de preferência prateados) e camisolas que deixam os ombros de fora (sim, vão continuar).

7. Saiba resistir aos preços incrivelmente baixos

É um pouco como a lógica dos iogurtes: para quê levar 20 só porque estão em promoção, quando na verdade o mais certo é acabarem no lixo por causa do prazo de validade? Nos saldos, evite materiais de má qualidade, peças iguais às que já tem em casa ou tão extravagantes que nunca vai usá-las, e que parecem tão atrativas só porque são quase dadas. Atire a primeira pedra (de calçada portuguesa) a mulher que não tem demasiados sapatos de salto alto a ganhar teias de aranha no closet.

8. Aproveite para investir em peças de designer

Com um orçamento em mente — fundamental para pôr em prática qualquer um destes mandamentos — pense bem no que precisa mais: dez peças pequenas ou “a” compra que se vai tornar numa peça para a vida? Mesmo com os descontos os valores vão continuar elevados, é certo, mas esta altura é a ideal para investir em peças de marca que anda a namorar há demasiado tempo. Existe muito por onde escolher, basta pôr estes endereços nos seus favoritos:

carteira Michael Kors 630

Carteira Michael Kors à venda na Farfetch, 630€ (era 1.050€).

9. Escolha bons materiais e peças com bom corte

Mesmo sem um nome conhecido na etiqueta, a qualidade paga-se. Aproveite os saldos para dar ao roupeiro o adjetivo favorito dos profissionais de marketing: premium. Escolha fibras naturais como o algodão, o linho e a lã, e procure no avesso das peças palavras como caxemira e seda — vão ser suas amigas. Para além de terem sempre bom aspeto, são muito mais confortáveis.

10. Não compre (só) por instinto.

No meio do frenesim, é fácil perder o norte e a cabeça. Pense bem antes de cada compra, mas tenha o termómetro apurado: se pensou, pensou e pensou, e mesmo assim ainda está com muitas dúvidas, não compre. É como num primeiro encontro — o segredo para perceber se correu bem é virar as costas e saber imediatamente se quer voltar a estar com aquela pessoa ou não. Pouse o artigo da indecisão e imagine dois cenários: dizer adeus até nunca mais ou enfrentar 20 minutos de pé na fila para pagar. É remédio santo para perceber se vale ou não a pena.

Artigo atualizado no dia 28 de dezembro de 2015 às 16h12.