Aplausos, poesia e emoção marcaram o funeral de Maria de Jesus Barroso, falecida na terça-feira, dia 7 de junho, e cujas cerimónias fúnebre foram acompanhadas por muitos políticos e cidadãos anónimos.
Após ter estado em câmara ardente no Colégio Moderno, onde a antiga primeira-dama deu aulas, a urna com os restos mortais de Maria Barroso foi aplaudida à chegada e à saída da Igreja do Campo Grande, e também no cemitério dos Prazeres, por cidadãos que se quiseram despedir da fundadora do Partido Socialista (PS).
Apesar do calor que se fazia sentir pela manhã de 8 de junho, e de não poderem entrar na igreja, que estava cheia, os populares mantiveram-se no adro, onde esperaram pela saída dos familiares e da urna.
A missa na Igreja do Campo Grande, em Lisboa, teve início às 11h00, durou cerca de uma hora e meia, e contou com testemunhos da família. Na cerimónia participaram ainda os alunos do Coro da Escola de Música do Colégio Moderno.
À saída da missa, foi também aplaudido o antigo Presidente da República Mário Soares, marido de Maria Barroso, que acenou e sorriu aos presentes em agradecimento.
O cortejo fúnebre fez uma passagem pela sede nacional do PS, no Largo do Rato, tendo seguido depois para o cemitério dos prazeres, onde foi lido um poema de Camilo Pessanha e onde o secretário-geral do PS António Costa fez um discurso no qual considerou que Maria Barroso foi “a mãe fundadora” do partido.
“A Maria de Jesus é por direito próprio a mãe fundadora do Partido Socialista, não só por ser e ter sido a companheira, a mulher do pai fundador do Partido Socialista, mas por ela própria, por aquilo que ela sempre deu ao partido como militante base, como dirigente, como deputada e sobretudo pelo carinho e pela afetividade com que sempre nos uniu a todos”, afirmou António Costa.
O líder do PS acrescentou ainda que “em todos os socialistas fica hoje um vazio”.
“Em nome do PS, em nome de todos os socialistas, e estou certo que em nome de muitas mulheres e homens de Portugal, aquilo que quero dizer à cidadã e à camarada Maria de Jesus, muito obrigado por tudo. Viva sempre Maria de Jesus!”, concluiu António Costa.
No final da sua intervenção, o secretário-geral do PS abraçou Mário Soares, que estava acompanhado pela família, e que tinha na mão rosas amarelas.
Na missa de corpo presente, esteve o Presidente da República, Cavaco Silva, a presidente da Assembleia da República Assunção Esteves, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, vários ministros e vários membros dos diferentes quadrantes políticos.
Marcaram ainda presença no último adeus a Maria de Jesus Barroso, o governador do Banco de Portugal Carlos Costa, o candidato presidencial Cândido Ferreira, o antigo autarca Valentim Loureiro, o presidente da Câmara de Lisboa Fernando Medina, o líder da bancada parlamentar do PS Ferro Rodrigues, o deputado do Partido Ecologista “Os Verdes” José Luís Ferreira e a antiga presidente do PSD Manuela Ferreira Leite.
Duarte Pio de Bragança, a atriz Celeste Rodrigues e a antiga atleta Rosa Mota também participaram nas cerimónias fúnebres da antiga primeira-dama.
Maria de Jesus Barroso, mulher do antigo Presidente da República Mário Soares, era presidente da Fundação Pro Dignitate, foi fundadora do PS, partido pelo qual foi deputada, e dirigiu a Cruz Vermelha Portuguesa.
Foi também atriz, tendo trabalhado nos teatros Nacional D. Maria II, Villaret e São Luiz, e dirigiu o Colégio Moderno, fundado pelo sogro, João Soares.
Morreu na terça-feira, dia 7 de julho, pelas 5h20, aos 90 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde se encontrava internada, na sequência de uma queda, que lhe provocou um traumatismo intracraniano.