O que é que mais gosta em “The Walking Dead”? Se a sua resposta for zombies, a série companheira (o que quer que isso seja…) “Fear The Waking Dead” – prestes a estrear nos Estados Unidos e em Portugal – que pretende mostrar o início do apocalipse dos mortos vivos em Los Angeles, é para si. Se o que mais aprecia é o conflito interior das personagens, o confronto microscópio com a nossa própria humanidade e a batalha constante entre o indivíduo e o coletivo, esta nova série pode não se vir a tornar numa das suas favoritas. Mas já lá vamos.

O maior mistério de “The Walking Dead” é a origem do vírus que infeta os humanos e os transforma em máquinas de mortandade letais. Quando a série original começa, Rick, o personagem principal, acorda de um coma e o caos parece já estar há muito instalado. “Fear the Walking Dead” quer contar essa fase. Ainda ninguém está habituado a ver corpos desmembrados e não se tornou norma enfiar uma bala na testa de um cadáver cambaleante. O primeiro episódio, que o Observador assistiu na íntegra, mostra focos de zombies aqui e ali, mas sem uma origem clara, sem pânico geral e ainda sem se ter tornado uma epidemia.

Em termos de condução da ação, e tendo em atenção que o termo de comparação é uma série nomeada para vários prémios entre elenco, efeitos especiais e realização, este primeiro episódio não entusiasma. Desde logo a história base, que se centra numa família de quatro pessoas, com um filho toxicodependente, uma filha adolescente, uma mãe que não quer desistir dos filhos e um padrasto com dificuldades em encontrar o seu lugar na nova casa, parece um salto gigante para zombies, cabeças decepadas e muito sangue. Claro que as personagens vão amadurecer (esperamos) e tal como em “The Walking Dead”, nada mais eficaz do que confrontá-los com um mundo virado de pernas para o ar.

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Mas enquanto que em “The Walking Dead” há uma nota mais profunda em todas as personagens – mesmo aquelas que vivem durante dois episódios e nós rezamos aos deuses dos zombies para não acabarem desfiguradas num descampado -, aqui esse ponto parece falhar, resultando só em alguns diálogos pontuais. Para quem gosta de ação pura e dura, o que em linguagem zombie significa matar o maior número em cada episódio e das formas mais criativas, a série parece ter algumas ideias, até porque só no fim do primeiro episódio é que as personagens se apercebem que terminar com um destes ex-humanos é mais difícil do que parece.

Ninguém se convença no entanto, que “Fear The Walking Dead” vai dar a solução para o mistério central nas duas tramas, que é como, quando e onde surgiu o surto que lançou as trevas sobre a Terra. O própria criador das duas séries, Robert Kirkman, diz que esse não é o objetivo. Mais, “Fear The Walking Dead” não é uma antecessora direta de “The Walking Dead”, dado que as personagens nem se devem cruzar. “Leva-nos para uma altura em os zombies eram mais perigosos e uma ameaça diária e por isso há maior razão para teme-los”, disse Kirkman em abril, explicando o mote da sua nova criação. Há que dizer que as duas séries vivem bem separadas e que não necessidade de já se ter acompanhado uma para começar a ver a outra – diríamos que até ajuda.

“Fear The Waking Dead”, mantendo-se neste registo, será uma série no limbo enquanto as grandes estrelas da televisão norte-americana não regressam em setembro e outubro e aí terá outro problema, que serão as restantes estreias que as cadeias norte-americanas têm reservadas para a rentrée. E claro, para os apaixonados de “The Walking Dead”, sempre dá para enganar a saudade até chegar a sexta temporada (que estreará nos EUA a 11 de outubro).

A nova série “Fear The Walking Dead” vai ter estreia simultânea em Portugal e nos Estados Unidos, por isso os mais resilientes podem ver o primeiro episódio no canal AMC às 02h30 da madrugada de 23 de agosto. Para quem conseguir esperar, haverá uma repetição segunda-feira, 24 de agosto, às 22h30. Os seis episódios da primeira temporada serão exibidos simultaneamente em Portugal e nos EUA. Está prevista uma segunda temporada com 15 episódios com estreia em 2016.