No debate desta noite, as políticas sociais para os próximos anos acabaram muito obscurecidas com a extensão do tempo consagrado às polémicas sobre a governação de Sócrates e o “ter ido além da Troika” por parte de Passos Coelho.

Em geral, António Costa manteve sempre a iniciativa no debate sobre emprego, segurança social e saúde, encostando Passos Coelho à defesa dos resultados verificados durante o seu mandato.

O emprego, que aparece com grande centralidade nos programas de ambos os partidos, foi mais explicado por Costa, que foi claro no aumento que quer garantir na restauração e na reabilitação urbana para os desempregados menos qualificados. Mas os jovens desempregados mais qualificados foram remetidos para um programa de subsidiação pública às empresas para os contratarem sem explicação da sustentação desses empregos assim criados, fora dessa subsidiação pública. Passo Coelho foi muito vago na explicitação das suas propostas neste domínio, remetendo para as empresas a iniciativa na criação do emprego e desvalorizando as políticas ativas.

Sobre as pensões, António Costa reduziu a questão da sustentabilidade do sistema à confiança que o seu Governo devolverá aos cidadãos relativamente às pensões futuras, não explicando como o “plafonamento” vertical é acomodado num sistema atualmente já em défice. Passos Coelho não conseguiu explicar como o “seu” plafonamento horizontal é favorável à sustentabilidade e à adequação das pensões para o futuro, nem quais os princípios de reforma que sustenta.

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No domínio da saúde, António Costa aflorou ainda que superficialmente a aposta prioritária nos cuidados primários e nos cuidados continuados para reforço do SNS. Passos Coelho defendeu a política atual de medicamentos e o reforço que afirma ter garantido ao SNS, mas não avançou nada de concreto para o futuro.

* Fernando Ribeiro Mendes, ex-secretário de Estado da Segurança Social do Governo de António Guterres, professor de Gestão no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG)

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