Era uma vez um homem que foi preso por um crime que afirma com veemência nunca ter cometido. Este é o mote principal da série “Prison Break”, que conquistou os Estados Unidos e o mundo desde 2005. Haverá semelhanças com a realidade portuguesa?

Andreia Carvalho achou que sim enquanto assistia à saída de José Sócrates da prisão de Évora, a 4 de setembro. A designer estava no café de que é proprietária em Vila Real. Quando olhou para o rosto do ex-primeiro ministro só conseguiu ver semelhanças entre a história de Sócrates e o enredo da série protagonizada por Wentworth Miller. “Achei que ia ficar bem com outro cenário”, explica ela ao Observador. E lançou-se ao trabalho.

A partir daí, as ideias fluíram. Admite que acompanha algumas séries televisivas, mas curiosamente não conhece a fundo as histórias das séries que retratou nestas ilustrações, avançadas pelo Facebook “Tesourinhos das Legislativas”. “Não esperava que tivesse o alcance que estão a ter. Segui-me pela opinião pública e o resultado está na reação das pessoas”, conta a designer.

Percebeu como as pessoas conseguiam colar o rosto de Passos Coelho à série “Lie to Me”. Encontra semelhanças entre a fúria do discurso de Mariana Mortágua e o vigor de Rust Cohle e de Martin Hart em “True Detective”.

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António Costa foi um dos políticos mais difíceis de colar a uma série televisiva. Antes de conseguir chegar a uma ideia, foi uma das faltas mais notadas e a designer nem sequer conseguia explicar porquê. “Corri três vezes uma lista de séries para tentar encontrar uma que se encaixasse no perfil de Costa. Acho que não é por falta de carisma, simplesmente não havia uma série em particular que se encaixasse nele”. Mas entretanto a ideia surgiu: “Once Upon a Time”.

O Observador perguntou a Andreia quem podia ocupar os papéis principais na série “House of Cards”, que retrata o sistema político americano. E a designer avançou dois nomes: Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de Belém.

E quem podia fazer de Lucius Lyon em “Empire”? Andreia não sabe, mas foi uma das séries em que mais pensou. E quem podia entrar nas luzes da ribalta na série “Sexo e a Cidade”? Risos, claro, e depois uma resposta: Joana Amaral Dias.

Andreia Carvalho não esconde que tem tendência para a esquerda política, mas realça que se limitou a seguir a opinião mais generalizada no país. “Sou o mais crítica possível sobre os programas políticos, apesar desta sátira faço sempre questão de votar. Votem, principalmente as mulheres”, apela.

designer admite a possibilidade de continuar a criar estas ilustrações, mas não quer que seja “algo forçado”.